A morte é pra os seres vivos
A palavra mais temida
A transcendência da alma
A hora da despedida
E o derradeiro obstáculo
Da rodovia da vida
A morte é reconhecida
Pelas ordens que delega
Orientado ela aborda
Desprevenido ela pega
Não indeniza os que ficam
Nem devolve os que carrega
A morte sempre navega
Num ciclo que nunca encerra
Se disfarçando de fome
Se camuflando de guerra
Barrando a ganância humana
E nutrindo os germes da terra
Endereço ela não erra
E sua jornada é constante
A matéria-prima franca
A mão de obra abundante
Não acumula serviço
Nem precisa de ajudante
A morte é repugnante
Pra chegar não comunica
Não persegue gente pobre
Não bajula gente rica
Não acompanha quem parte
Nem sente a dor de quem fica
A morte não classifica
Quem é bandido ou honesto
Se o corpo vai ser cremado
O enterro ter protesto
Ela faz a parte dela
Quem quiser cuide do resto
Cada morte tem um gesto
Programado ou casual
Morte precoce ou tardia
Catastrófica ou natural
Antes tudo é diferente
Depois dela é tudo igual
Atua no Carnaval
E acidente de transporte
Não procura testamento
Não exige passaporte
Não há seguro de vida
Capaz de adiar a morte
O seu poder é tão forte
Que quem morre não revela
Como o contato foi feito
O que foi dito por ela
O que sentiu vendo a morte
Pra onde foi depois dela
A morte borda e pincela
Porque não há quem apure
Testemunha que lhe acuse
Polícia que lhe procure
Tribunal que lhe processe
Cadeia que lhe segure
Por mais que a gente procure
Não sabe a morte quem é
Pra os seguidores de Cristo
E adeptos de Maomé
O homem se suicida
Quando mata a própria fé
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