terça-feira, 29 de março de 2016

A dor que me entristece - parte II



É sentindo a depressão 
Quando penso em desistir 
Da vida e de tudo mais
Para minha dor sumir.
Não preciso de loucura
Nem de coragem pra agir.

Fecho meus olhos e vejo atrás 
Procuro no meu passado 
A presença do meu pai
Que a mim tem direcionado 
Muito carinho, amor e paz.
Ficará desapontado.

Minha mãe não está mais  aqui
Desta vida foi passada
Estará orando com fé 
Certamente aperreada 
Pedindo paz a Deus pra mim
No coração desolada.

Fecho meus olhos e vejo a frente
Meus filhos em desolação 
Sem seu pai para orientar 
Não caírem em tentação 
Nunca vão viver com paz
Dentro do seu coração.

Fecho meus olhos e vejo ao lado
Uma esposa descontente 
Que me ama muito agora
Deseja me ver pra frente 
Como vai ter paz também 
Com uma tragédia em sua mente!

Fecho meus olhos e vejo dentro 
Meus amigos se lamentando 
Querendo pelo meu bem
Que eu continuasse tentando 
Lutar contra a forte dor
Que agora está me abalando.

Fecho meus olhos e vejo nada
Da paz não tenho lembrança 
Nem da alegria que já foi
A dor espanta a esperança 
E a força para viver
Com a tristeza faço aliança.

Abro meus olhos para a vida 
Buscar forças onde não tem
Olho pro céu, terra e mar
Não consigo ver ninguém 
Que possa me dar forças 
E acabar com esse desdém.

A minha desesperança 
Com o tempero da tristeza 
Levou - me a uma reflexão 
Que no mundo não há moleza 
Ser forte é enfrentar com fé 
Tendo também uma certeza.

Sofrimento todos têm 
Que nessa vida passar 
Com ele se fortalecem  
Para outros rumos buscar 
Preciso mudar de curso
Reerguer pra recomeçar.

Esta dor não irá embora 
Não adianta me entristecer
O correto é ajustar as velas 
A outro modo de viver 
A morte tem uma certeza
Não vai nada resolver.

No momento que for certo
O sofrer será afastado 
Não há fogo que em si queime
Que nunca seja apagado 
O que remédio não tem
Em si já está remediado.

O único para mudar
Sou eu mesmo dentro de mim
Correndo do pessimismo 
E de tudo que for assim
Pensando bem positivo
E atraindo o bem para mim.

Nesta vida nasci fraco
Eu sinto de mim é pena 
Preciso perceber que
Cada um tem seu problema
Um sofre hoje, outro amanhã
Cada ser com seu dilema.

terça-feira, 22 de março de 2016

A dor que me entristece - parte I



A pior coisa deste mundo 
É a saúde comprometida 
A doença de todo tipo
Atrapalha qualquer vida
Principalmente se a dor
For seu ponto de partida.

Estou tendo no momento 
Dor forte como uma algoz 
De intensidade diversa 
Que relato agora a vós 
Poetizando no cordel 
Como fosse minha voz.

Uma dor apareceu em mim
Não me lembro dia nem hora
Tentei me tratar com tudo
Fui ao médico sem demora 
Teve dia pra começar 
Nunca mais ela foi embora.

Nenhuma pessoa merece  
Nesta existência sofrer 
Principalmente com a dor
Que nostalgia seu viver 
A alegria desaparece 
Só se pensa no morrer.

Penso neste meu silêncio 
Onde Deus poderá estar 
E se para Ele é possível
Chegar aqui a me visitar 
Imagino Jesus Cristo 
Naquela hora em seu altar.

"Pai, por que me abandonaste!"
É o que penso no momento 
Deprimido com essa dor
Dentro do meu sentimento 
Buscando uma solução 
Para este padecimento.

terça-feira, 15 de março de 2016

A dor que me entristece - pre-âmbulo




Essa dor que me consome
E acaba todo o meu juízo
Me faz perder a razão
Com um intenso prejuízo
Se a dor fosse como a chuva
Seria forte de granizo.

Se pudesse comparar
À força de um animal
Não seria com uma formiga
Muito menos com um pardal
A dor é forte e muito intensa
Nenhum ser tem força igual.

Não peço a você que reze
Nem que faça uma oração
Apenas aproveite a vida
Não sinta preocupação
Agradeça sim a Deus
Não viver minha aflição.

terça-feira, 8 de março de 2016

Brasil, um país desenvolvido?

Estamos agora vivendo
Uns momentos de mentira
O povo não mostra ira
Quando vê o parlamentar 
Rir de tudo ao se safar
Fazendo - se perseguido
A justiça combatido
Reeleito continua vil
Como pode ser o Brasil 
Um país desenvolvido?


Eu gostaria de ver 
O pobre tendo escola
Sem no sinal pedir esmola
Sabendo ao menos escrever
Entendendo o que ele ler
Ver o policial destemido
Prendendo todo bandido
Respondendo no fuzil  
Como pode ser o Brasil 
Um país desenvolvido?

quarta-feira, 2 de março de 2016

Conto de Luís da Câmara Cascudo de Rosângela Maria Silva

Cordel retirado de:

http://www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/cordel/conto-de-luis-da-camara-cascudo

Luis da Câmara Cascudo
Folclorista popular
Um famoso escritor
Costumava nos contar
A história de um vaqueiro
Que provou a verdade falar.
Eram dois grandes amigos
Fazendeiros e compadres
Mas um invejava o outro
E lhe tinha má vontade
Até desejava o mal
Um homem sem piedade.
Na fazenda do compadre
Tinha uma rês espetacular
Chamado de boi Leição
Que era a flor do curral
Animal de estimação
De muito se admirar.
Os vizinhos e compadres
Viviam a conversar
Toda tarde numa fazenda
Um ao outro ia visitar
E que vaqueiro não mentia
Um disse não acreditar.
O bom patrão do vaqueiro
Propôs um trato fazer
Registraram com a garantia
Da verdade o vaqueiro dizer
Independente da notícia
Que ele viesse trazer.
O compadre duvidou
Daquela afirmação
E junto com sua filha
Preparou uma armação
Para o vaqueiro mentir
E matar o boi Leição.
A filha do fazendeiro
Mentiu que se apaixonou
E logo com o vaqueiro
Que o namoro topou
Foi morar na casa dele
Onde a armadilha começou.
Passaram-se alguns dias
Ao vaqueiro em confissão
Disse-lhe a sua amada
Fingindo uma aflição
-Desejo agora comer
O fígado do boi Leição.
O coitado do vaqueiro:
-Isso eu não posso fazer!
Peça-me o que quiser
Que eu faço para você
Mas o "figo" do boi Leição
Isso você não vai ter.
Mas um homem apaixonado
Para agradar sua amada
Desagrada qualquer um
E numa bela caçada
Derrubou o boi Leição
Com uma forte machadada.
Como esse era o plano
Por pai e filha montado
Para o vaqueiro mentir
Ao ver o boi derrubado
Correu pra casa do pai
Estava tudo acabado.
Ao chegar à sua casa
Ao pai contou o ocorrido
Que a rês de estimação
Do compadre tinha morrido
E que a tragédia foi causada
Pelo vaqueiro seu marido.
Seu pai muito satisfeito
Com a tragédia prevista
Pegou o cavalo e correu
Contente e feliz da vida
Para contar ao compadre
Sua aposta estava perdida.
O fazendeiro invejoso
Estava crente que ganhava
A aposta de seu compadre
Pensando que em sua fala
O vaqueiro ia mentir
A verdade lhe faltava.
Mas o patrão do vaqueiro
Nele muito confiava
E mesmo sabendo da morte
Do boi que mais estimava
Ratificou que o vaqueiro
Toda a verdade falava.
O funcionário até pensou
Em uma história inventar
Mas disse que cabra homem
Não mente nem pra enricar
E que diria só a verdade
Na história que ia contar.
E ao chegar logo em frente
À casa de seu patrão
Sem conhecer da aposta
Viu aquela multidão
Pois todos queriam ver
Se ele mentia ou não.
Ele começou sua fala
Respondendo a seu patrão
Que perguntara pra ele
Como deixou seu torrão.
E anunciou a desgraça
Naquela ocasião.
Vindo eu uma boa tarde
Duma bonita vaquejada
Chegando à minha porta
Vi uma "pilingrina" assentada
No passar do meu batente
Vindo de sua casa expulsada.
Deixou-me hipnotizado
Caído em sua tentação.
A beleza de seu rosto,
Palpitou-me o coração
Porém o que eu não sabia
Que trazia uma maldição.
Para entrar em minha casa
Convidei-a com atenção
E depois de alguns dias
Nasceu ali uma paixão.
E a pedido dessa moça
Eu matei o boi Leição!
Todos ali aplaudiram
Aquele herói cidadão
Que manteve sua verdade
Independente da situação
Sem saber daquela aposta
Ajudou a seu patrão.
O patrão muito bondoso
Só quis metade dos bens
Do seu vizinho invejoso
Não ficou com um vintém
A outra metade da riqueza
É o vaqueiro quem tem.
E daquele dia em diante
Mesmo depois da tragédia
O vaqueiro e sua amante
Decidiram por as rédeas
Formaram uma família
Parecendo uma comédia.
Foi assim que terminou
Essa história diferente
Pois nos casos hoje em dia
A maioria só mente.
Falar somente a verdade
É coisa de antigamente.