sábado, 28 de junho de 2014

O caminho da felicidade


Dedico este cordel e o momento de reflexão ao meu querido amigo Aldemar que me faz pensar coisas que não quero

Um dia perguntei ao meu mestre
Como ele tinha banido
A tristeza da sua vida
Porque nunca o vi sofrido.
Sem demora respondeu:
- Venha refletir comigo.

Imagine em alto mar
Um barco movido a vela
Em um dia maravilhoso
Motivo para fazer tela
Quando o vento muda o rumo
Um caráter se revela.

Se a pessoa ficar parada
Deitando-se ali no chão
Ficando entristecida
Cheia de introspecção
A sua característica 
Com certeza é depressão.

Se a pessoa ficar em pé
No seu íntimo pensando
Coisas lindas e bem legais
Nós assim vamos lhe dando
Diagnóstico otimista
Porque alegre vai ficando.

Se a pessoa ficar em pé
Reclamando para o vento
Por dentro bem negativo
Não sentindo nenhum alento
Não passará de um belo
Pessimista ou rabugento.

Agora, se ajustar a vela
Mudando o ponto de vista
Fazendo tudo que pode
Como se fosse um analista
Para mim será chamado
De verdadeiro realista.

Depois que você me ouviu
Dando esta explicação
Deverá também escolher
Qual foi a identificação
Que você escolherá
Para fazer reflexão.

Fiquei naquele momento
Pensando em tudo parado
Ele continuou falando
Eu permaneci calado
Porque aquilo me tocou
Eu havia me identificado.

Depois deste encontro nosso
Eu não parei de pensar
Sobre as palavras do mestre
Pra me sensibilizar
Mas eu ainda não decidi 
Qual atitude irei tomar.

A vida toda eu passei
Deitado ou reclamando
Nunca parei pra pensar
Como a vida fui passando
E que a questão é decisão
Pra feliz ir me tornando.

terça-feira, 24 de junho de 2014

O Martírio de Liliana - Parte IV



Arte da Capa de Alexa Dias
Vamos deixar Afonso só
Com seus irmãos desconfiado
Tentando modificar
O que já estava criado
Ludibriá-los a todo custo
Era o seu plano traçado.

Vamos ver como Liliana
Fez para sobreviver
O que foi que aconteceu
Sem ter muito pra comer
E como a sorte proveio
Para ela não falecer.

Liliana por várias vezes
Tentou de casa sair
Sua comida era só pão e água
Nem a TV para assistir
Começando a emagrecer
E sua beleza a sumir.

Quando Liliana comia
Os vinte e quatro reais
Somente lhe restavam a água
Migalhas, unhas e nada mais
Seus cabelos foram caindo
Seus braços finos demais.

Liliana já não sabia
O que poderia fazer
Trancada dentro de casa
Sem nada para comer
Começou a pedir pra Deus
A coragem pra morrer.

Todo dia ela se acordava
Já por dentro com agonia
Sem poder se levantar
Vivendo sob tirania
Nada ali modificava
Pra mudar a melancolia.

Resolveu ficar no chão
Estirada na cozinha
Onde pegava seu pão
E um pouco de farinha
Que o marido utilizava
Para alimentar galinha.

Desolada no local
Resolveu não sair mais
Porque se ficasse em pé
De fraca caia para traz
E tudo que ela comia
Era vinte quatro reais.

Sofrendo intensamente
Sem forças para falar
Com o sentimento na fome
Contrita pôs-se a pensar:
"Deus, será que foi tão grave
Que ele não possa perdoar?"

Quando começava o mês
Recomeçava com o pão
Sem forças pra levantar
Com marcas de inanição
Comendo até as migalhas
Nunca recebeu o perdão.

Aqueles dias se passavam
Sem nunca nada mudar
Ela dentro de sua casa
Ele, sempre a trabalhar
Ela triste lá no chão
Ele, alegre a gargalhar.

Até que um dia ela ouviu
Alguém bater na sua porta
Quase sem força no chão
Caída, fraca e toda torta
Tentou sussurrar: - Socorro.
Sem forças já quase morta.

Da porta ouviu um barulho
De alguém querendo entrar
Eram os irmãos de Afonso
Querendo investigar
Por que ninguém nunca a via
Onde ela poderia estar.

Quando entraram disseram:
- Vejam! Que horror! Que loucura
Liliana desfigurada
A casa não tem ternura
Vamos tirá-la d'aqui
Antes que vá a sepultura.

Quando Afonso entrou em casa
Foi vendo o que se passava
O que seus irmãos faziam
Em nada argumentava
Saiu de casa para um bar
E tudo que via, tomava.

Liliana foi resgatada
Desnutrida e com ferida
Por todos os irmãos de Afonso
Que depois deram guarida
Garantindo proteção
Para retomar sua vida.

Afonso virou alcoólatra
D'aquele inveterado
Saindo do seu emprego
Tornou-se grande viciado
Continuou bebendo tudo
Nunca mais ficou casado.

O cordel termina aqui
Eu gostei foi muito desta
Agradeço a Deus porque
A inspiração me empresta
Ainda agradeço também
Àquele que me contou esta.

Traição sempre existirá
Na história da humanidade
Alguns concedem o perdão
Outros, fazem atrocidade.
Quem tem Deus no coração
Vive com fraternidade.

Todo ser humano da Terra
Poderá algum dia errar.
Fácil é cometer um pecado
Difícil, é a razão calar.
Divino é entender tudo

Forte, é quem sabe perdoar.

terça-feira, 17 de junho de 2014

O Martírio de Liliana - Parte III



Arte da capa de Alexa Dias
E assim recomeçou a vida
Na casa deste casal
Ela vegetando em casa
Vivendo como um animal
Ele indo para o trabalho
Agindo como normal.

Afonso fechava a porta
Como se guardasse sua alma
Saindo sem alvoroço
Fazendo tudo com calma
Trancava forte um cadeado
Pra espantar toda vivalma.

O dia-a-dia em seu trabalho
Ia passando normalmente
Sorrindo pra todo lado
Alegre e muito contente
Ninguém d'ali desconfiava
Nem hipoteticamente.

Quando chegava a sua casa
Para Liliana nem olhava
Não lhe dava uma palavra
Com ela não se importava
À noite ele dormia bem
Pela manhã retomava.

No trabalho todos os dias
Seu perfil era sempre o mesmo
Chegava todo contente
Deixava sua mulher a esmo
Quando Afonso ia pra sua casa
Sentia ódio como um tenesmo.

Quando os amigos perguntavam
- Liliana está feliz?
Ele respondia de pronto:
- De viagem para Paris.
Pensando no coração:
Bexiguenta e meretriz.

Os meses foram passando
Sua mulher foi emagrecendo
O perdão nunca chegava
Ele mais se embrutecendo
Seus irmãos lhe procuraram
Pra longe deles ia correndo.

Seus irmãos foram ficando
Preocupados pelo Afonso
Sempre que perguntavam
Ele se fazia de sonso.
Pediram luz a santo Antônio
Rezando com seu Responso.

Certa feita ele pensou:
"Deus, que horrível situação
Casei-me com uma serpente
Que se entregou a perdição
Perdi minha paz de espírito
Tal qual Eva ludibriou Adão".

Os dias foram se passando
Ele não mudava a mente
Sempre lembrava de Adão
E a via como uma serpente
O tempo não abrandava
Ela sofreria pra sempre.

Os irmãos de Afonso ficaram
Cada vez mais preocupados
Com a estória de Paris
Já estavam desconfiados
Porque ela teria ido só
Sem nunca mais ter voltado?!

Um dia Afonso desconfiou
Da movimentação deles
Ficou muito preocupado
Sem deixar de pensar neles
Saiu cedo de seu trabalho

Para ver se enganava eles.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O MArtírio de Liliana - Pater II



Arte da capa de Alexa Dias
Até que ele resolveu
A situação investigar
Saiu de sua casa dizendo
Não voltar para jantar
Sendo assim ela pudesse
Com ele não se preocupar.
                                  
A noite não esqueceu
De surgir naquele dia
Se de algo ele soubesse
Para sua casa não iria
Só que ele não esperava
Aquele dia de agonia.

Entrou em casa bem tarde
Indo em direção ao quarto
Ouvindo sussurros fortes
Ficando estupefato
Sem dar tempo de reação
Flagrando Liliana no ato.

Quando Afonso percebeu
Lhe surgiu uma sensação
Um aperto forte no peito
Com feição de humilhação
Um Pensamento de morte
Na sua alma a decepção.

Os dois ficaram parados
Divergindo os pensamentos.
O amante com medo de
Ter findado seus momentos,
A esposa já rezando
Pra não haver falecimentos.

O marido percebeu
Que casou com pistoleira
Não queria fazer da vida
Uma grande desgraceira.
De repente perguntou:
- Tens dinheiro na carteira?

Os dois amantes ficaram
Sem saber o que acontecia
Porque numa cena desta
O que mais se esperaria!
Tiro para todo lado
Com morte, briga e agonia.

Sem saber como fazer
Pensando não viver mais
O pobre amante assustado
Sem pensar textos formais
Falou para ele baixinho:
- Tenho vinte quatro reais.

- Então pegue logo a roupa
Vista, saia d'aqui correndo
Porque se ficar por aqui
Vai acabar mesmo morrendo
Antes que eu mude de ideia
E uma faca vá metendo.

O amante sem entender nada
Resolveu não vacilar
Aproveitou da palavra
Se apressou pra se arrumar.
Depois que vestiu a sua roupa
Partiu sem para trás olhar.

Afonso falou a Liliana:
- Mulher, a escolha será tua
Tu morres agora pela honra
Ou viverás sem sair à rua?
Pense bem neste momento
Porque a sina será a sua.

Tu só poderás comer
Até vinte e quatro reais
É o valor que tu mereces
Por tuas ações propositais
Melhor morrer agora que
Não poder sair jamais.

Liliana respondeu assim:
- O que poderei fazer
Nesta situação ruim
Não há coragem pra morrer
Não tem escolha para mim
Presa em casa eu vou viver.

terça-feira, 3 de junho de 2014

O Martírio de Liliana - Parte I


Arte da capa de Alexa Dias

O amor não é para todos
Que dizem ter coração
Porque quando posto a prova
Acaba em confusão
Na estrada desta vida
Perdoar traz solução.

A estória que vou narrar 
Ao meu querido leitor
Fala de Afonso e Liliana
Uma estória de rancor
Demonstrando a todos que
Sem perdão não existe amor.

Na cidade de Licânia
Numa época bem distante
Havia um homem de gênio forte
Notando-se no semblante
Que tomava as decisões
Sem perder nem um instante.

Por lá naquele local
Afonso era conhecido
Por todos da redondeza
Como um homem destemido
Que diante dos problemas
Nunca se punha distraído.

Qualquer problema que tinha
Parecia feijão com arroz
Tudo ele solucionava
Em um minuto ou até em dois
Do mais fácil ao mais difícil
Nada iria para depois.

Sua esposa vivia em casa
Tida por trabalhadeira
Conhecida por Liliana
Lépida, linda e fagueira
Não havendo quem lhe quisesse
Tirar prosa ou brincadeira.

A rotina foi chagando
Deixaram de conversar
Nem mais para um bom dia
Muito menos para falar
Foi se acabando a alegria
Cada qual no seu lugar.

O destino prega peças
Nem sempre tem solução
E mesmo sem procurar
Aparece confusão
Afonso já desconfiado

Pressentindo uma traição.