segunda-feira, 31 de março de 2014

O Ateu Trajano - PARTE III


Quando qualquer um quiser
Sentir Deus pessoalmente
Basta demonstrar ter amor
Por alguém profundamente
Que Ele estará também
Ao seu lado eternamente.

Se você um dia quiser
Ao lado de Deus ficar
Não compre vaga no céu
Busque pessoas para amar
Praticando a caridade
E começando a perdoar.

Se você pessoalmente
Também se sente um ateu
Não fique preocupado
Deus a ti nada prometeu
Jesus é misericordioso
O céu também será teu.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Ateu Trajano PARTE II



Eles foram procurar
Um morador do cangaço
Para saber como o caboco
Resolve este embaraço
Que depois de explicar
Aplicou sangue no braço.

Foram passando semanas
E o sangue não resolvia
Eles foram persistindo
Na famosa terapia
Quanto mais aplicava o sangue
Bem mais é que o coração doia.

Quando eles se deram conta
Perderam sua compostura
Foram procurar bem longe
Fora desta estrutura
Resolveram até apelar
Para o uso da acupuntura.

A medicina chinesa
Não ajudou nem atrapalhou
Depois de muitas sessões
Ela foi quem se afastou
Voltando para sua terra
Onde tudo começou.

A esposa foi aconselhada
Naquela situação grauda
A tomar um chá misterioso
De hortelã da folha miuda
Mas para fazer depressa
Se não ia ela ficar pra viuva.

Fez com pressa e devagar
A milagrosa bebida
Tomou no almoço e jantar
Fez vitamina e batida
Usou tanto que ficou
Com a mão toda dolorida.

Vivendo esta tormenta
Quase que a esposa pira
Depois de tanto sofrer
Foi buscar lá no caipira
Um remédio milagroso
No miolo da sucupira.

Testou caule, testou folha
Mas a dor só permanecia
Usava chá, comia a raiz
Quanto mais usava, mais doia.
Usou tanto que entojou
Quase que ela enlouquecia.

A mulher já bem cansada
E com grande frustração
Resolveu ir buscar ajuda
Em outra peregrinação
Procurando rezar um terço
No meio de uma procissão.

Depois de sua caminhada
Suas pernas foram doendo
Foi deitando-se na cama
Com os membros endurecendo
Seu marido foi chamado
Trouxe um pastor correndo.

Ele foi buscar um pastor
Porque lhe deram um conselho.
Sem ter quem fosse ajudar
Foi buscar no destrambelho
Pois agora qualquer um
Poderia meter o bedelho.

O pastor pediu para ela
Suas mãos ir levantando
Começou uma oração forte
E a Deus o pastor foi clamando
Dizendo que no outro dia
Ela iria se levantando.

Quando Trajano acordou
Não dava para ver o dia
Ansioso para ver a cura
Que o pastor lhe prometia
Foi quando percebeu que
Os braços ela nem mexia.

Ele ficou estupefato
Sem saber como fazer
Recebeu mais informação
De como se proceder
Levá-la num centro espírita
Pra cirurgia receber.

Trajano levou sua esposa
Lá onde fora marcado
Começando o ritual
O médium ficou calado
Quando tudo terminou
Disse: - Foi finalizado.

Quando voltou para casa
Ai foi que ele percebeu
Deitando ela na sua cama
Ajeitando tudo seu
Que não deu mais uma palavra
Porque ela quase morreu.

Trajano nesse instante
Foi à situação entender.
Vendo a sua amada esposa
Naquele eterno sofrer
Por mais que fizesse só
Sozinho não iria vencer.

A luz do dia se apagou
Começou uma escuridão
Bem em sua frente surgiu
A personificação
Do eterno mal absoluto,
Do anjo expulso do céu: o cão.

E o satanás foi dizendo:
- Olhe tudo ao teu redor
Ouro, dinheiro, poder
O céu, a terra, o cafundó
O mundo, o sol e as estrelas.
Tu nunca estarás só.

Tudo que tu precisares
Basta somente bramir
E na hora que tu quiseres
Eu farei tudo por ti
Se ajoelhe neste instante
E comece a me pedir.

Se Deus existisse mesmo
Já teria ouvido falar
Também na Terra não existe
Ninguém pra testemunhar
Este Deus muito estranho
Que não se pode tocar.

Ficando de joelhos disse:
- Deus, pai, todo poderoso
Sempre neguei tua existência
Seja misericordioso
Levante minha mulher
Tire a vida deste esposo.

Neste instante de fé
Uma luz do céu foi caindo
Envolveu aquela mulher
Depois foi lhe restituindo
Toda força que perdeu
E que dela já ia partindo.

Trajano escuta uma voz
Bem distante lá no céu:
- Trajano, nunca repita
Este horroroso papel
Procure sempre ter fé
Seja de Deus um menestrel.

Criei tudo da humanidade
Para viver em comunhão,
Deixei-lhes o livre arbítrio
Pra tomarem decisão
De continuarem no mundo
Acreditando em mim ou não.

Quando você não quiser
Uma igreja frequentar
Mas mesmo assim deseje
Minha presença notar
Não fique me procurando
Comece ao seu irmão amar.

Trajano fica surpreso
Com a estranha situação
Faz a Deus uma pergunta:
- Deus, qual a melhor religião?
E escuta uma resposta
Pra tirá-lo da aflição.

- Eu entendo perfeitamente
Este teu intenso clamor
Mas não tenha nem sinta
Dúvida, raiva ou rancor
A única que eu considero
É o sentimento do amor.

Você pode ter certeza
Que existem vários caminhos
As religiões são livres
Tais quais são os passarinhos
Para viverem este amor
Cada uma do seu jeitinho.

O tinhoso ouvindo tudo
Saiu bem depressa de lá
Não quis nem dar uma palavra
Para Deus não lhe notar
Porque se houvesse contenda
Ele iria se complicar.

E depois deste momento
Trajano não duvidou
Da existência de um Deus
Que pra ele manifestou
Tirando-lhe do aperreio

Quando Nele acreditou.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O Ateu Trajano - PARTE I


Eu fui um dos que duvidava
Que Ele pudesse existir
Ai me encontrei com o cão,
Parei para dele ouvir
A estória de Trajano
Que resolvi contar aqui.

Conhecido por Trajano
Não acreditava em Deus
Não nasceu rico nem pobre
No Brasil ele conheceu
As diferenças de credo
Perseverando-se ateu.

Quando Trajano pensava
No que era mais relevante
Ele nunca titubeava
Nem demorava um instante
Pensava sempre consigo:
"Minha esposa é mais importante".

Quando perguntavam pra ele
O quê de Deus ele pensava
Ele sempre respondia
Que Nele não acreditava
Porque a uns dava bondade
Já pra outros a desgraça dava.

E que se Deus fosse o bem
Do universo absoluto
O mal não reinaria a terra
Nem ficaria impoluto
Por que quando o mal se chega
Deus não sai do estado bruto?

Que se Deus existisse mesmo
Por que enviaria Jesus
Bem no meio de um povo
Que não o veria como a luz?
Ainda como não bastasse
Morreu preso numa cruz.

Os anos foram se passando
E Trajano não mudava
Os problemas iam chegando
Ele sempre blasfemava
Para toda situação
Ele de tudo caçoava.

Um dia ele teve um sonho
Que passou mais ou menos assim:
Dormia numa escuridão
Numa quietude sem fim
Apareceu-lhe um monstro
Com seus chifres de marfim.

Voou bem para cima dele
Cobrindo-lhe com uma capa
Que onde encostava doia
Como se levasse um tapa
Descobrindo o monstro disse:
- Aceita, ou então se mata.

Noite após noite Trajano
Tinha este pesadelo
Não faltava um pedaço
Sendo no mesmo modelo
Quando ele ia para sua cama
Ouriçava seu cabelo.

O sonho só foi embora
Quando sua mulher adoeceu
Uma grande dor no corpo
De repente apareceu.
Resolveram dar um tempo
Mas sua dor permaneceu.

Era uma dor muito forte
Na ponta do coração
Que aparecia todo dia
Naquela mesma ocasião
Todo dia, toda semana
Parecendo assombração.

Foram procurar um médico
Para entender o problema
Que analisou toda história
Envolvida nesta cena
Depois de lhes ouvir disse:
- Nada sei sobre este tema.

Eles retornaram a casa
Sem conseguir perceber
Como poderia à esposa
Com aquela sina viver
E todo dia na mesma hora
Sua esposa sempre a gemer.

Uma cartomante veio
Fazer a leitura da mão
Olhou pra linha da vida,
A mesma do coração,
Mas serviu pra adivinhar
A fortuna e a vocação.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Você tem enxaqueca?


A doença enxaqueca
É por todos conhecida
Causa de uma dor tremenda
Quase agente se suicida
Esta doença horrorosa
Escondida e misteriosa
Precisa ser entendida.

Antes dela o que se sente,
Não sei como começar
Uma coisa dá n'agente,
Dá ansiedade pra brigar.
Vem uma grande impaciência
Que nem mesmo pela ciência
Consegue se explicar.

Começo a falar bem alto
Me irrito logo com tudo
Quando alguém me pergunta
Vou permanecendo mudo
Até quem gosta d'agente
Que fica também valente
Com raiva, com pena e abuso.

Outra coisa bem estranha
É que eu vejo uma luz forte
Mesmo com os olhos fechados
No leste, no sul e no norte
Passando no pensamento:
"Ah, como eu me lamento
Ter nascido com esta sorte!"

Como é ruim ter esta sina!
Se eu disser ninguém acredita
Que eu pareço um profeta
Prevendo coisa esquisita.
Se eu me zanguei e me alterei
Com uma luz me encandeei,
É aquela doença maldita.

Depois vem aquela dor forte
No cérebro penetrante
Como se fosse um sino
Grande, alto e extrondante
Penso até que vou morrer
Com a dor de enlouquecer
Forte como um alto-falante.

Como se não nos bastasse
Ainda temos um problema
Que quando ele está presente
Vai se acabando o dilema
É o vômito intransigente
Que nos deixa ainda mais doente

Completando este teorema.

Eu vou procurar um escuro
Tentando me esconder
Como se fosse um refúgio
Para não enlouquecer
Com à dor que é latejante
Também às vezes massacrante
Não sabendo o que fazer.

Vou procurar um silêncio
Na minha cama deitar
Quietinho no meu cantinho
Deixando o tempo passar
Só que a dor que aparece
Com nada se enternece
Não me deixa melhorar.

Um remédio, não sei qual
Procuro para ingerir
Com aquela dor mais forte
Sem nada pra me acudir
Às vezes sinto melhora
Depois volta sem demora
Não sei dela escapulir.

Quando nada mais funciona
Procuro algum hospital
Buscando qualquer socorro
Para a dor descomunal.
O médico, gente fina,
Dá morfina e ergotamina
Prescrevendo-me tramal.

Tem médico que duvida
E do óbvio desconfia
Buscando na anamnese
Pedindo tomografia.
E o jeito, é fazer o tal exame
Causando-lhe um vexame
Acabando sua teoria.

Quando aquela dor aparece
Você sente um temor
Daquela suposição
Que causa grande terror
Porque todo mundo pensa
Que vai receber a sentença
De ser dono de tumor.

Assim que ela vai embora
Acaba a perversidade
Chegando aquela alegria
Não me deixando saudade.
Neste templo de prazer
Eu quero permanecer
Sempre e com tranquilidade.

Só o doente é quem deseja
Que ela ficasse sumida
Fosse para muito longe
Ficasse por lá esquecida
E que ela desapareça
Saia de dentro da cabeça

Pra sempre da nossa vida.