domingo, 24 de dezembro de 2017

A morte é que está morta - Mário Quintana

De Mário Quintana para José Régio

A morte é que está morta.
Ela é aquela Princesa Adormecida
no seu claro jazido de cristal.
Aquela a quem, um dia - enfim - despertarás ...

E o que esperava ser teu suspira final
é o teu primeiro beijo nupcial.

- Mas como é que eu te receava tanto
(no se encantamento lhe dirás)
e como podes ser assim - tão bela?!
Nas tantas busca, em que me perdi, 
vejo que cada amor tinha um pouco de ti...

E ela, sorrindo, compassiva e calma:

- E tu, por que é que me chamavas Morte?
Eu sou, apenas, tua Alma ... 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O morto - Mário Quintana

Eu estava dormindo e me acordaram 
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco,
Já eram horas de dormir de novo!

A maturidade para todos - Gerson Odilon e Fabiano Timbó - Parte II



Gerson Odilon 

A velhice é uma história 
Que conto pela metade
Já vivi minha juventude
E chego a maturidade 
Sem medos ou desenganos 
Vibrando todos os anos
Ao completar nova idade.

Certeza todos nós temos
Da uma visita traiçoeira 
Da morte que leva a gente 
Isso não é brincadeira
Digo com sinceridade 
'Pra morte não tem idade'
A assertiva é verdadeira.

Por isso se recomenda
Todos os dias aproveitar 
Se há um dia pra sorrir
Há outro para chorar
Se sorrindo ou chorando 
Assim nós vamos levando
É melhor não reclamar.

Bela é que é a vida
Importante é ser feliz
O quê passou já passou 
É assim que o povo diz
Agradeço os dias meus
Sendo um projeto de Deus
Sou do jeito q'Ele quiz.

Aos jovens recomendamos 
Uma espécie de segredo
Ame a vida, tenha sonhos, 
De lutar, não tenha medo
Insistir, conquistar, crescer
O melhor é feliz envelhecer
Do que triste morrer cedo.

Fabiano Timbó 

Outro segredo importante 
É buscar a felicidade 
Com parcimônia, alegria 
Temperança, honestidade 
Para os problemas ter calma
A fé como alimento a alma 
Perseguindo a caridade.

O belo é solver os problemas 
Nestes casos buscar Deus 
Ter saúde para o trabalho 
Comida para dar aos seus 
Aos filhos exemplificar 
Mostrar tudo e demonstrar 
O fogo de Prometeu.

Reclamar nunca resolve 
Quando há mudança de rota 
Desistir será o fracasso 
Perante qualquer derrota 
Viver sorrindo ou chorando 
Mas nunca se reclamando
Resolver te dará a cota.

E quem pensa que viveu
Tome ai muito cuidado
Idade não põe respeito 
À morte com seu cajado 
Bebê, criança, adolescente 
Ou velho remanescente 
Uma hora será lembrado.

A velhice é para o pronto
Eu quero mesmo é ter idade 
Quem já teve juventude
Quer chegar a maturidade 
Tendo medos ou desenganos 
Acumulados todos os anos
Ao contemplar nova idade.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A maturidade para todos - Gerson Odilon e Fabiano Timbó - Parte I

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Professor Gerson Odilon (GO)


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Fabiano Timbó (FT)

FT - Falar de jovem e do idoso
É tarefa bem estressante
O jovem de tudo ri
Todo idoso é reclamante
Mas são momentos da vida
Antes da nossa partida
Que tornam o ser interessante.

GO - É muito impressionante
Como o idoso é preterido
É desprezado, rejeitado
Afastado e esquecido
O jovem não tem idéia
De como é bom ser platéia
De um idoso extrovertido.

Sendo ele um marido
É muito rico de amores
Abre a porta para a esposa
A beija e lhe dá flores
É gentil e amoroso
Ser esposa de um idoso
É viver ester primores. 

Os jovens são sabedores
Que a velhice é um dom
Jovem não quer morrer cedo
Envelhecer é que é bom
Como diz no evangelho
A sabedoria vem do velho
Como a cidade de Hebrom.

FT - Às vezes fico pensando
Se a belezf está no jovem
E de que adianta ser belo
Se para tudo eles fogem!
A maturidade é o tempo
Do saber será fermento
Com o velho eles se socorrem.

E de que adianta ser idoso
Se não souber da conselho
Para isso deve pensar
Quando se olhar no seu espelho
Lembrar-se do seu passado
Para nele ser inspirado
Ver como foi bom vivê-lo.

GO - Nunca há falta num idoso
O amor em seu coração
A sabedoria para escolha
No momento da decisão
Emntre o errado e o certo
O molhado e o deserto
Tristeza ou celebração.

FT - O jovem possui sua força
A  alegria lhe recompensa
O idoso tem tudo antigo
O corpo cheio de doença
As juntas todas lhe doem
Os tremores lhe destroem
Ter só a mente não compensa.

GO - Idoso tem experiência
Ele não faz nada a toa
Ele estando com saúde
E a sua memória boa
Sua vida é um primor
Desfruta a paz e o amor
E deus do céu lhe abençoa.

FT - Se tem uma coisa ruim
Que o jovem não se afrocha
É desejar ter mulher
Quando quer o negócio, arrocha
Já o idoso tem o sentimento
na hora vem um só pensamento:
"Quando desejo, brocha".

GO - É porque a sua tocha
Está um pouco apagada
O quê sempre foi acesa
Para cada namorada
Também não é brincadeira
Tem que pendurar a chuteira
Ou ela acaba estourada.

FT - Se tem uma coisa ruim
Que no idoso nostalgia
É o pensamento na morte
Quando jovem inexistia
Se nisso ele não falasse
Por dentro seconcentrasse
Tudo melhor ficaria.

GO - O idoso todos os dias
Revive o bom da vida
O amor da ex namorada
Ou uma bela cantiga
Tudo isso lhe distrai
Seja a saudade do pai
Da mãe ou de uma amiga.

FT - O cordel para quem é jovem
Comenta do coração
Banalidades, alegrias
Mulheres com diversão
Para o idoso é diferente
Nada disso tem na mente
Só se escreve no Lampião.

GO - Ao meio a tantas saudades
As fugas e as ilusões
Revive grandes momentos
As grandes recordações
As coisas boas que fez
Reconta mais de uma vez
Nos dando boas lições.

FT - O amigo vai desculpar
A poesia tá muito boa
Agora vou trabalhar
Compor cordel o tempo voa
Falar de tema animoso
Me deixou resplendoroso
Depois da conversa boa.

GO - Flui igualmente a broa
 Derrete em nossa boca
Falar do idoso é bom
E do jovem é coisa louca
Vamos dar uma parada
Porque a nossa embolada
Deixou-me de goela rouca.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Mote em Decassílabo, de Pedro Ernesto filho

SE EU NASCESSE DE NOVO PEDIRIA
PRA VIVER NO PAÍS DA CONSCIÊNCIA
Pedro Ernesto Filho
Onde a flor exarasse mais perfume,
onde a planta o ar puro respirasse,
a disputa infiel não prosperasse,
perdoar fosse o dom do bom costume,
o amor não murchasse com ciúme,
arrogância perdesse a existência
onde o pássaro exibisse a inocência
sem das armas temer à pontaria
– Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde a força da paz esteja antes
do que a mágoa de um povo entre em atrito,
e as ações criminosas de um mosquito
não superem a missão dos governantes,
entre si, sejam os homens vigilantes
combatendo o rigor da violência,
e o valor destinado à previdência
não engorde o padrão de quem desvia
– Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde o homem não volte sem a feira,
a mãe pobre, de parto, não faleça,
o machado sisudo reconheça
que seu cabo possante é de madeira,
onde as cores históricas da bandeira
sejam vistas com alma e incumbência,
e a política, no todo, uma ciência
de capricho, vergonha e harmonia,
– Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Seja o jovem o raiar da esperança
e os poderes se sintam mais unidos,
os impostos nos sejam devolvidos
em escola, saúde e segurança,
a justiça conserve na balança
nível, ética, razão e procedência;
e os poetas frustrados, com decência,
reconheçam que os outros têm poesia
– Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde a fauna liberta possa estar
e onde a flora não sofra ataque errôneo,
a Igreja divida o patrimônio
como diz nos discursos do altar,
a disputa na hora de votar
aconteça sem ódio e renitência,
onde o povo exercite a preferência
sem suborno, agressão nem baixaria
– Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde o preso não use das escutas
para ornar o comando dos ativos,
não existam cartões corporativos
ensejando desvios de condutas,
hajam mais igualdades nas disputas,
otimismo aconteçam com freqüência,
os ministros demonstrem transparência
sem engodo, façanha ou fantasia,
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde o povo conquiste o seu direito
e a imprensa detenha a liberdade,
concorrente demonstre lealdade
sem sentir seu rival como suspeito,
entre filhos e pais haja respeito,
nos casais reine a paz na convivência,
e no rol da infância e adolescência
não se fale na droga nem orgia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde a Bíblia Sagrada seja lida,
o direito autoral reconquistado,
tenha o jovem um emprego assegurado,
seja a renda melhor distribuída,
onde o médico não seja um homicida
por agir com descuido e negligência,
que a justiça use a mesma inteligência
para o jogo do bicho e loteria
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde os homens se entendam e se organizem
ensejando amor, paz e liberdade,
nos negócios não falte a igualdade
e os costumes legais se realizem,
as janelas, de grades, não precisem,
e se distingam cadeia e residência,
o poder determine providência
inibindo o sensor da ousadia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde o índio exercite o seu direito,
os costumes dos outros, respeitados,
o patrão valorize os empregados,
não exista racismo ou preconceito,
onde o homem depois de ser eleito
não renegue a seu povo a assistência,
entre as classes perdure a coerência
e a Nação cumpra tudo o que anuncia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde reine humildade e mais sossego
e a palavra ao ser dita permaneça,
crime bárbaro e cruel não aconteça,
não se fraude o seguro desemprego,
a criança não perca o aconchego
e seja isto da lei uma exigência,
professores preservem a sapiência
ensinando fazer democracia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde àquele que queira trabalhar
nunca falte na lida o que fazer,
quem faz pão tenha o pão para comer;
quem faz casa, uma casa pra morar,
onde a vida não custe um celular
e a traição não impere a resistência,
a justiça não sofra a influência
do fuzil, do dinheiro ou da chefia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde a terra só seja disputada
por aqueles que queiram trabalhar;
o pirata, inibido de imitar;
e a indústria transgênica, rotulada;
a miséria se sinta amordaçada
pelos laços fiéis da diligência,
seja um livro o mandão da preferência,
tenha o pobre remédio e moradia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde a lei seja pura e respeitada,
não se tire proveito das mazelas,
não se jogue um menor pelas janelas
e a doméstica não seja apedrejada,
do mendigo que dorme na calçada
não se faça fogueira sem clemência,
magistrado com sua prepotência
não dispare uma arma no vigia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Da polícia se expulsem os marginais
e os apelos não entrem no sucesso,
onde os túneis não sirvam de acesso
às agências bancárias federais,
não se veja nas portas de hospitais
paciente morrer sem paciência,
testemunha não minta em audiência
protegendo do crime a autoria
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Nas escolas por rico freqüentadas
favelado também se matricule,
nota falsa em comércio não circule,
as ações desonestas, rejeitadas;
as notícias benéficas, divulgadas,
CPI não padeça inconseqüência,
quem a arma entregou por aderência
do governo receba garantia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde o juro não seja especulante
não se apele às ações da moratória,
não se faça medida provisória
todo mês, todo dia e todo instante,
gasto público não seja horripilante,
não se fale em propina e truculência,
não se oculte uma boa antecedência
e haja lei pra punir pedofilia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.
Onde o leite é vendido sem mistura,
boa marca mereça confiança,
candidato não aja com lambança
e a poesia transite sem censura,
não se louvem as ações da ditadura
num regime que ancora a presidência,
as fronteiras combatam entorpecência
carnaval ceda espaço à cantoria
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Poesia e arte no Brasil

A arte no nosso Brasil 
Está muito desvalida 

Dinheiro só para filmes 
Novela de temas da vida 
Música se for barulho 
A poesia está combalida.



terça-feira, 24 de outubro de 2017

Parado de repente!

Fui parado de repente 
Quando andava pela rua
Pensando em que contribua 
Pra divertir muita gente
Numa canção de repente.
Mas como ser repentista
Neste mundo de alienista
Que não dá chance ao cordel
Não percebe seu papel
Num pais que ignora artista?

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O ancião e a corsa - Parte III

Imagem relacionada


Como a vaca não falava,
Era um animal que mugia,
Ali mesmo foi abatida
Acabando-se à agonia
Hamid se estremeceu
Sem perceber o que ocorria.

Hamid ficou surpreso
Com a tristeza que sentiu
Como se morresse alguém
Com aquela dor que sentiu
Amparado pela esposa
Que no seu íntimo, sorriu.

Foi trazido a sua presença
O bezerro já chorando
Ao se aproximar do pai
Nos seus pés foi se ajoelhando
O pai sentindo um pavor
Uma ordem foi proclamando:

- Peão, pare este sacrifício
Uma tristeza chegou
Depois da morte da vaca
A festança se acabou
Leve o bezerro de volta.
Levantou e se retirou.

Hamid ficou pensando
Na vaca que viu chorando
Percebeu algo nebuloso
E estranho se passando
Toda vez que via o bezerro
Ele ficava lhe olhando.

Alguns dias foram passando
Com o bezerro em pensamento
Ele não se conformava
Com aquele seu sentimento
Procurou uma advinha
Para ter esclarecimento.

Quando Hamid saiu com o filho
A mulher deitou na cama
Dizendo-se não ter medo
De bruxa, gênio ou cigana
E que a sua felicidade
Era a defesa de quem ama.

No momento da consulta
O bezerro foi levado
A advinha era uma bruxa
Percebeu o que foi passado
A primeira frase foi:
- O bezerro é o filho amado!

A bruxa seguiu dizendo:
- Eu mesma vou desfazer
Esta magia desgraçada
Teu filho vai aparecer
E a mulher que foi culpada
A magia vou reverter.

E antes que Hamid falasse
O bezerro estremeceu
Ele foi desconjurando 
Seu menino apareceu
Ao mesmo tempo que Hamid
A situação compreendeu.

Hamid ficou perplexo
A tristeza não sumia
Seu filho renasceu ali
Uma esposa na magia
A segunda falecera
Vítima de tirania.

Foi correndo para casa
Com semblante preocupado
Procurando sua mulher
Com o menino do seu lado
Viu uma corsa na sua cama 
Entendeu o que foi passado.

Prometeu naquele dia
Que da corsa ia cuidar
Até o fim da sua existência
Para o sofrer amenizar
Ao seu filho seria amor
E nunca mais iria casar.

Terminada toda estória
Os amigos foram comer
Bebida para fartar
A vida para esquecer
Os animais para lembrar
O que o homem pode fazer.

A mulher que vive o ciúme
Acaba com a relação
O marido que é ciumento
Estraga seu coração
Sentimento desgraçado
Que leva a separação.

Acabando esta leitura
Faça alguma reflexão
Para saber de tristeza
De inveja e conspiração
Veja a estória de uns cães negros
Falada na introdução.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

O ancião e a corsa - Parte II

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O menino foi crescendo 
Criado com muita alegria 
Tudo que Hamid fizesse 
O filho também queria 
Onde quer que este pai fosse
O pai tinha companhia.

Até que chegou um momento 
De Hamid fazer uma viagem 
Teria um ano de duração 
Sem o menino na bagagem 
Para fazer seu comércio 
E manter paga a criadagem.

No momento da partida 
O menino só chorava 
Agarrado com sua mãe 
Que no desespero estava 
A força que Hamid tinha  
Era crer que retornava. 

Neste trabalho de Hamid 
Não deixe seu pensamento 
Veja como se deu a trama 
Que acabou com sofrimento 
Da mulher e do pequenino 
Com feitiço e encantamento.

A esposa, que era a primeira,
Resolveu estudar magia 
O prazer da enganação 
Ser aprendiz da tirania 
Versada em desfaçatez 
Engrossada com ironia.

Depois de passados meses 
De treino e sagacidade 
Teve uma idéia diferente 
De grande perversidade 
Transformar o menino e a mãe 
Em bovinos de verdade.

O bezerro e a vaquinha 
Foram deixados por ali 
No meio da bicharada 
Só comendo sapoti 
Atrelados nas carroças 
Para o roçado concluir.

Os criados deram por falta
Do menino que era amado 
E daquela moça humilde  
Que com Hamid havia casado 
Se perguntada, dizia:
- Não sei, devem ter viajado.

Depois de passada a viagem
O marido retornou 
À esposa toda animada 
Uma festa começou 
Escondendo na verdade 
O fato que planejou.
O marido achando estranho
Resolveu lhe perguntar:
- Onde estará minha esposa
Que não chegou a me abraçar?
E o meu pequeno menino 
Para um beijo poder me dar?

A esposa, viva e matreira,
Disse sem muita demora:
- Ela resolveu partir
Pegou teu filho e foi embora
Disse que amava só  a ti
E que voltava a qualquer hora.

- Em sua homenagem pensei
Que devemos festejar
Escolha uma vaca gorda
Para confraternizar
Comigo e teus convidados
Comida para fartar.

O marido sem saber
Nesta lorota embarcou
Mandou chamar todos amigos
Um banquete começou
A consorte trapaceira
À vaca selecionou.

Bem na frente do marido
A vaca mãe foi deixada
Foi chamado o melhor peão
Com uma estaca bem amolada
Que acertasse num só golpe
E a vida ser retirada.

A vaca olhou para Hamid
De um jeito muito penoso
Muitas lágrimas de choro
Um semblante pesaroso
Parecia ser uma pessoa
Num pesadelo horroroso.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

O ancião e a corsa - Parte I

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A estória vem do Marrocos 
Trazendo sabedoria  
Falando sobre mulher
Ciúme, ódio, feitiçaria 
Amor de pai, sofrimento
E a morte por tirania. 

Hamid estava num bar 
Esperando um grande amigo 
Que, para fazer negócios,
Passou um tempo sumido 
No retorno trouxe uns cães 
Cabisbaixos sem latido.

Este misterioso amigo,
Deve o leitor conhecer,
Era o dono dos cães negros 
Que sentou para dizer 
A estória da sua família 
O que lhe foi acontecer.

Depois de ouvir com atenção
À estória de sofrimento 
Hamid resolveu contar 
Todo seu padecimento 
Iniciando pela busca 
De mulher pra casamento.

Era rico de nascença
Do comércio faturava 
Mas mulher não conseguia 
Em toda casa que andava
Pagaria qualquer dote 
Desde que fosse educada.

Depois de andar pelo país 
Procurando por uma esposa
Ele achou uma jovem que 
Tinha um olhar de mariposa 
Sorriso dissimulado 
Astúcia de uma raposa.

Resolveu lhe apresentar
A quem fosse sua amizade
Achando a mulher perfeita 
Que vivia da honestidade 
Os amigos no contraponto 
Viam esperteza e falsidade.

Como não adianta falar 
A quem esteja apaixonado 
E conversa da amizade 
Não entra em coração fechado,
Com menos de trinta dias
Já se fazia um homem casado. 

Depois de um tempo casado 
Vivendo a felicidade 
Começou a esperar por filhos 
Por falta de novidade 
Apesar das tentativas 
E por horas de atividade.

Os filhos não apareceram 
Para alegrar o coração 
Hamid sugeriu a cônjuge 
Uma nova solução 
Casar - se com outra mulher
Defendia a constituição.

Resolveu iniciar uma busca 
Em baixa classe social 
Por pessoa que fosse humilde 
De alegria descomunal 
Que aceitasse a situação 
Sem pensar no bacanal.

E depois de certo tempo
Achou mulher que aceitasse 
O fato de ser casado
E com isso não incomodasse 
Não era para falar bem
Apenas que engravidasse.

A mulher ouviu tal proposta 
Aceitou sem ter noivado 
O casório foi com festa 
Na primeira foi gerado
Esperou por nove meses
Nasceu o menino esperado.

A primeira mulher dele
Fez as vontades do marido 
Por fora se via alegria 
Pelo que foi acontecido
Por dentro era só rancor 
Com seu coração partido.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

A morte


Encantado com um cordel
De repetente pensei em morte
Presente na sina do homem
E se pode ser uma sorte
Do pensar uma reflexão 
Percebi uma conclusão
Para a vida, este é o norte.

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A morte não tem respeito
Por nenhuma autoridade
Juiz, promotor, ministro
Quem tiver notoriedade
Para qualquer ser vivente
Trata todos como gente
Imparcial será sua igualdade.

E quem pensa que viveu
Tome ai muito cuidado
Idade não põe respeito
À morte com seu cajado
Bebê, criança, adolescente
Ou velho remanescente
Uma hora será lembrado.

Se estiver sadio e passeando
Ou no leito de uma cama
A morte faz companhia
A sentença ela proclama
Leva sem pena quem quer
De jeito que estiver
Na escolha ela não se engana.

O lugar pode ser lindo
A alegria ser sonora
Leva ela qualquer sujeito
Sem demanda e sem demora
Seja um grande vencedor
Ou da vida perdedor
Ela leva a vida embora.

A certeza dessa vida
É que um dia se irá morrer
Se muito você viveu
Ou se havia para vencer
Para a morte ninguém importa
Aproveite a vida torta
Agradeça ao amanhecer.

De tudo já se tentou
Para a morte ser evitada
Reza, fé, feitiçaria
Até ciência organizada
O mapeamento genético
Até levar choque elétrico
Mas tudo resultou em nada.

Então que a sorte se tenha
E que venha a desgraçada
No momento que aprouver
Quando for na hora marcada
O desejo é que demore
Que a vida a gente explore
E pelo amor seja guiada.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Ofereço a minha melhor aluna de tutoria

Alunos em tutoria
Fazendo uma discussão
Barulho descontrolado
Lá no meio da falação
Alguém pergunta baixinho:
- Professor, estou o caminho?
A todos chamou atenção.

Estava tudo correto
Em nada contribui
Percebendo uma certeza
Em cada frase que ouvi
Disfarçando com meu olhar
Sem querer lhes atrapalhar
No silêncio me escondi.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Cubo de Rubik - Como resolver?

Será que tem um desafio
Difícil de se vencer
É este novo Cubo de Rubik
Que tenta satisfazer
Aquele que for capaz
Como forma de lazer.
Se existe algo mais difícil
Nunca se viu nesta vida
Nem mesmo a Filosofia
Deixa a mente tão destruída
É um jogo de tentativas
Parecendo não ter saída.
A solução pode ser
Se socorrer com o criador
Para tornar este objeto
Um brinquedo encantador
Para mostrar qual o caminho
De montagem a um jogador.


terça-feira, 22 de agosto de 2017

O ancião e a corsa - PARTE III



O marido achando estranho
Resolveu lhe perguntar:
- Onde estará minha esposa
Que não chegou a me abraçar?
E o meu pequeno menino 
Para um beijo poder me dar?

A esposa, viva e matreira,
Disse sem muita demora:
- Ela resolveu partir
Pegou teu filho e foi embora
Disse que amava só  a ti
E que voltava a qualquer hora.

- Em sua homenagem pensei
Que devemos festejar
Escolha uma vaca gorda
Para confraternizar
Comigo e teus convidados
Comida para fartar.

O marido sem saber
Nesta lorota embarcou
Mandou chamar todos amigos
Um banquete começou
A consorte trapaceira
À vaca selecionou.

Bem na frente do marido
A vaca mãe foi deixada
Foi chamado o melhor peão
Com uma estaca bem amolada
Que acertasse num só golpe
E a vida ser retirada.

A vaca olhou para Hamid
De um jeito muito penoso
Muitas lágrimas de choro
Um semblante pesaroso
Parecia ser uma pessoa
Num pesadelo horroroso.

Como a vaca não falava,
Era um animal que mugia,
Ali mesmo foi abatida
Acabando-se à agonia
Hamid se estremeceu
Sem perceber o que ocorria.

Hamid ficou surpreso
Com a tristeza que sentiu
Como se morresse alguém
Com aquela dor que sentiu
Amparado pela esposa
Que no seu íntimo, sorriu.

Foi trazido a sua presença
O bezerro já chorando
Ao se aproximar do pai
Nos seus pés foi se ajoelhando
O pai sentindo um pavor
Uma ordem foi proclamando:

- Peão, pare este sacrifício
Uma tristeza chegou
Depois da morte da vaca
A festança se acabou
Leve o bezerro de volta.
Levantou e se retirou.

Hamid ficou pensando
Na vaca que viu chorando
Percebeu algo nebuloso
E estranho se passando
Toda vez que via o bezerro
Ele ficava lhe olhando.

Alguns dias foram passando
Com o bezerro em pensamento
Ele não se conformava
Com aquele seu sentimento
Procurou uma advinha
Para ter esclarecimento.

Quando Hamid saiu com o filho
A mulher deitou na cama
Dizendo-se não ter medo
De bruxa, gênio ou cigana
E que a sua felicidade
Era a defesa de quem ama.

No momento da consulta
O bezerro foi levado
A advinha era uma bruxa
Percebeu o que foi passado
A primeira frase foi:
- O bezerro é o filho amado!

A bruxa seguiu dizendo:
- Eu mesma vou desfazer
Esta magia desgraçada
Teu filho vai aparecer
E a mulher que foi culpada
A magia vou reverter.

E antes que Hamid falasse
O bezerro estremeceu
Ele foi desconjurando 
Seu menino apareceu
Ao mesmo tempo que Hamid
A situação compreendeu.

Hamid ficou perplexo
A tristeza não sumia
Seu filho renasceu ali
Uma esposa na magia
A segunda falecera
Vítima de tirania.

Foi correndo para casa
Com semblante preocupado
Procurando sua mulher
Com o menino do seu lado
Viu uma corsa na sua cama 
Entendeu o que foi passado.

Prometeu naquele dia
Que da corsa ia cuidar
Até o fim da sua existência
Para o sofrer amenizar
Ao seu filho seria amor
E nunca mais iria casar.

Terminada toda estória
Os amigos foram comer
Bebida para fartar
A vida para esquecer
Os animais para lembrar
O que o homem pode fazer.

A mulher que vive o ciúme
Acaba com a relação
O marido que é ciumento
Estraga seu coração
Sentimento desgraçado
Que leva a separação.

Acabando esta leitura
Faça alguma reflexão
Para saber de tristeza
De inveja e conspiração
Veja a estória de uns cães negros
Falada na introdução.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

O ancião e a corsa - PARTE II


A estória vem do Marrocos 
Trazendo sabedoria  
Falando sobre mulher
Ciúme, ódio, feitiçaria 
Amor de pai, sofrimento
E a morte por tirania. 

Hamid estava num bar 
Esperando um grande amigo 
Que, para fazer negócios,
Passou um tempo sumido 
No retorno trouxe uns cães 
Cabisbaixos sem latido.

Este misterioso amigo,
Deve o leitor conhecer,
Era o dono dos cães negros 
Que sentou para dizer 
A estória da sua família 
O que lhe foi acontecer.

Depois de ouvir com atenção
À estória de sofrimento 
Hamid resolveu contar 
Todo seu padecimento 
Iniciando pela busca 
De mulher pra casamento.

Era rico de nascença
Do comércio faturava 
Mas mulher não conseguia 
Em toda casa que andava
Pagaria qualquer dote 
Desde que fosse educada.

Depois de andar pelo país 
Procurando por uma esposa
Ele achou uma jovem que 
Tinha um olhar de mariposa 
Sorriso dissimulado 
Astúcia de uma raposa.

Resolveu lhe apresentar
A quem fosse sua amizade
Achando a mulher perfeita 
Que vivia da honestidade 
Os amigos no contraponto 
Viam esperteza e falsidade.

Como não adianta falar 
A quem esteja apaixonado 
E conversa da amizade 
Não entra em coração fechado,
Com menos de trinta dias
Já se fazia um homem casado. 

Depois de um tempo casado 
Vivendo a felicidade 
Começou a esperar por filhos 
Por falta de novidade 
Apesar das tentativas 
E por horas de atividade.

Os filhos não apareceram 
Para alegrar o coração 
Hamid sugeriu a cônjuge 
Uma nova solução 
Casar - se com outra mulher
Defendia a constituição.

Resolveu iniciar uma busca 
Em baixa classe social 
Por pessoa que fosse humilde 
De alegria descomunal 
Que aceitasse a situação 
Sem pensar no bacanal.

E depois de certo tempo
Achou mulher que aceitasse 
O fato de ser casado
E com isso não incomodasse 
Não era para falar bem
Apenas que engravidasse.

A mulher ouviu tal proposta 
Aceitou sem ter noivado 
O casório foi com festa 
Na primeira foi gerado
Esperou por nove meses
Nasceu o menino esperado.

A primeira mulher dele
Fez as vontades do marido 
Por fora se via alegria 
Pelo que foi acontecido
Por dentro era só rancor 
Com seu coração partido.

O menino foi crescendo 
Criado com muita alegria 
Tudo que Hamid fizesse 
O filho também queria 
Onde quer que este pai fosse
O pai tinha companhia.

Até que chegou um momento 
De Hamid fazer uma viagem 
Teria um ano de duração 
Sem o menino na bagagem 
Para fazer seu comércio 
E manter paga a criadagem.

No momento da partida 
O menino só chorava 
Agarrado com sua mãe 
Que no desespero estava 
A força que Hamid tinha  
Era crer que retornava. 

Neste trabalho de Hamid 
Não deixe seu pensamento 
Veja como se deu a trama 
Que acabou com sofrimento 
Da mulher e do pequenino 
Com feitiço e encantamento.

A esposa, que era a primeira,
Resolveu estudar magia 
O prazer da enganação 
Ser aprendiz da tirania 
Versada em desfaçatez 
Engrossada com ironia.

Depois de passados meses 
De treino e sagacidade 
Teve uma idéia diferente 
De grande perversidade 
Transformar o menino e a mãe 
Em bovinos de verdade.

O bezerro e a vaquinha 
Foram deixados por ali 
No meio da bicharada 
Só comendo sapoti 
Atrelados nas carroças 
Para o roçado concluir.

Os criados deram por falta
Do menino que era amado 
E daquela moça humilde  
Que com Hamid havia casado 
Se perguntada, dizia:
- Não sei, devem ter viajado.

Depois de passada a viagem
O marido retornou 
À esposa toda animada 
Uma festa começou 
Escondendo na verdade 
O fato que planejou.