A inspiração foi, sumiu.
Para onde terá partido?
A alegria sucumbiu.
O poeta doido varrido
Se vê no indefinido
A imaginação escapuliu.
"Sôdade dentro do peito é qual fogo de monturo, pru fora tudo prefeito, pru dentro fazendo furo." (Patativa do Assaré)
A inspiração foi, sumiu.
Para onde terá partido?
A alegria sucumbiu.
O poeta doido varrido
Se vê no indefinido
A imaginação escapuliu.
Não se sabe quem é que manda
Se o bispo manda no padre
Se o partido que esculhamba
Para aquele que convém
Saiba que direito tem
Aquele que direito anda.
Em um Brasil que é cheio de leis
Todo mundo faz o que quer
O que tiverem vontade
Na hora que se lhe convier
Quem rouba galinha é preso
Mal político sai ileso
E salve-se quem puder.
O presidente manda algo
A câmara muda o destino
O professor ministra a aula
O aluno em desatino
O presbítero prega a ordem
O fiel reza na desordem
Quem manda é tido cretino.
No casamento ainda é pior
Nunca se sabe quem é quem
O marido acha que manda
A mulher casada também
Todo filho faz o que quer
A mãe guarda sua colher
O real é que manda ninguém.
O certo é viver pela ordem
Ter quem mande e quem obedeça
Seguir alguém que seja o chefe
Seja de todos a cabeça
No Brasil não acontece isso
Vivem todos em reboliço
Fazem o que querem e aconteça.
Na universidade há tempos
O poderoso é o reitor
E dentro da faculdade
Quem manda é seu diretor
O aluno nunca obedece
Nada que existe apetece
Desmanda no professor.
Afinal quem vai mandar
E quem deve obedecer?
Aquele que tiver juízo
Saberá o que vai fazer
O certo mesmo é ter paz
Mandar quem for capaz
Quem não for vai obedecer.