"Sôdade dentro do peito é qual fogo de monturo, pru fora tudo prefeito, pru dentro fazendo furo." (Patativa do Assaré)
terça-feira, 26 de março de 2013
sexta-feira, 15 de março de 2013
Jorge Calheiros - Versos para Uma Semana
O maior expoente da literatura de cordel do estado de
Alagoas, Jorge Calheiros, lançou hoje coletânea de versos titulada "Versos
para uma semana". Foi uma solenidade que ocorreu no Museu da Imagem e do
Som de Alagoas.
Ele declamou seus próprios versos enaltecendo o povo do
povoado em que nasceu, Pilar, assim como outros cordelistas também declamaram
suas maravilhosas poesias.
Jorge explicou que não é letrado, mas que aprendeu a
escrever com sua irmã mais velha que lhe ensinava após as aulas do colégio e
escrevendo com carvão no chão de sua residência.
Noite muita valorosa para o cordel de Alagoas.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Antes do Tempo
MINHA FILHINHA NASCEU ANTES DO TEMPO. SOFRE COM ISSO. SEU PSICÓLOGO ME PEDIU PARA AJUDAR EXPLICANDO A ELA QUE ISSO É NORMAL.
DESESPERADO COM O SEU SOFRIMENTO INTERIOR ESCONDIDO PELO SEU SUPEREGO NÃO CONSEGUI.
A ÚNICA COISA QUE ME RESTOU FOI FAZER-LHE UM CORDEL.
FI-LO. NEM SEQUER CORRIGI. PU-LO AQUI.
Meu leitores mirins
Vou contar sobre a vida
De uma criança linda
Que nasceu espremida
Achando que era diferente
Sentindo-se desvalida.
Era uma noite de lua linda
Poucas nuvens no céu
O dia de nascimento
De Maria Ana Isabel.
Sua mãe foi ao hospital
Com dor pra dedéu.
O médico explicou a mãe
Que antes do tempo viria
Aquela pequena moça
Antes da hora nasceria.
Iria passar um tempo
Na UTI sem alegria.
A mãe então perguntou:
- Mas ela será normal?
O médico respondeu:
- Sim, crescerá sem ingual
Será uma moça linda
Inteligente, fenomenal.
A mãe preocupada disse:
- Quanto tempo vai ficar
Sem ir para nossa casa
E sem poder mamar?
O médico respondeu:
- O tempo não vai importar.
Quando acontece isso
É bonito de se ver
Porque a criança cresce
Não deixa de aprender
Estudo matemática
E vai poesia aprender.
A mãe pensando disse:
- E como pode ser isso?
O médico respondeu:
- Mãe, calma, deixa disso
A natureza é sábia
E não dorme em serviço.
A criança vai comer
E forte vai ficando
Ela vai estudar muito
A dificuldade superando
Quando menos espera,
Sua história vai contando.
A mãe disse assim:
- Muito obrigado doutor,
Assim ficarei feliz
Acabou-se o meu temor
E quando ela crescer
Será meu maior amor.
E o que direi a Isabel
Quando ela crescer
E for me perguntar
Sobre o seu nascer?
Eu digo que foi normal
Ou o que houve, posso dizer?
O médico então lhe disse:
- Diga que ela nasceu
Antes do tempo certo
Mas que lutou e venceu
Tomou leite na seringa
Mas nada ruim lhe ocorreu.
E assim acaba história
Da menina que Isabel
Contada bem linda
Num belíssimo cordel.
Acho que mereceria
Uma presente de troféu.
Nunca se ouviu falar
Que alguém assim
Tenha sofrido algo,
Ou tenha tido mal fim,
Cresce como todo mundo
Em nada fica ruim.
A vida é muito sábia
A todos dá um dom,
Jamais deixaria só
Quem nasceu fora do tom.
Você pode confiar
Porque Deus é muito bom.
terça-feira, 12 de março de 2013
Aposentadoria de Puta
Aposentadoria
de puta
Faço
aqui um cordel lindo
Que
veio de um sorriso
Do
entrevistador Jô
E de
Chico Anísio
Cômica
entrevista
Que eu
aqui suavizo.
Não é
estória real
Trata-se
de uma lorota
Porém
muito curtinha
Parecendo
chacota
Sem
muita demora
Vamos a
anedota.
Uma
nobre senhora
Vendo
aposentadoria
Foi ao
posto fiscal do INSS
Esbanjando
alegria
Calada
e quietinha
Sem
fazer estripulia.
O
fiscal do imposto
Chamou
sem demora.
Ela
toda entrevada
Levantou-se
na hora
Ai foi que
ele viu
Era uma
pobre senhora.
O
fiscal separou
Uma
pilha de papéis
Para
investigação
Da
cabeça até os pés
D’aquela
senhora
Toda
cheia de anéis.
Iniciou
a entrevista
Perguntando
a função.
Ela
respondeu: - Puta!
Ele
ficou sem ação,
Perguntou
novamente
E ouviu
com atenção.
- Puta
meu filho, puta!
Respondeu
sem demora
Mas
como poderia
Tão
singela senhora
Puta a
vida toda
Também
n’aquela hora.
O
fiscal continuou
Sem
perder compostura
Olhou
atentamente
Viu até
dentadura
Mas seu
árduo trabalho
Exigia
linha dura.
A
próxima pergunta
Era
mesmo sem igual:
- Em
qual posição ficou?
E
perguntou na moral.
Ela
respondeu na hora:
-
Horizontal, vertical ...
Ela
quis esclarecer:
-
Filho, nesta profissão
Agente
não escolhe
Quem
manda é o patrão
Agente
não reclama
Nem
rejeita posição.
Ele
resolveu gritar
Ainda
outra pergunta:
-
Profissão da família?
No
susto ela ficou junta:
- Não
me dê uma bronca
Se não
viro presunta.
Para
não deixar em branco
Ele
resolveu insistir.
E ela
sem demora
Começou
a se sacudir:
- Meus
pais professores
E eu a
me prostituir.
Fiscal
disse: - E seus pais?
Deve
ter sido morte!
Ela
então respondeu:
- Não!
Eu fui muito forte
E nem
todo mundo
Tem
essa minha sorte.
-
Quando começou a dar
À sua
contribuição?
Preciso
agora saber
Pra
iniciar petição
Se algo
não me disser
Aposentadoria
não.
Ela não
se lembrava
Quando
emputeceu
Estava
muito velhinha
Data
certa esqueceu
Tentou
lembrar muito
Porém,
a data não deu.
- Para
receber pensão
Deveria
sempre ter dado.
- Meu
filho assim o fiz
Sem
nunca ter vacilado
É só
você analisar
Todo
meu passado.
- Olhe!
Assim não tem como,
Para
aposentadoria
É
necessário pagar
Pra ter
essa regalia.
Se isso
nunca o fez
Não
agiu com sabedoria.
- Eu
queria dar conselho
Procure
a televisão
Conte
sua estória
Não sinta
humilhação
Certeza
não ficará
Só num
aperto de mão.
- Isso
eu já fiz uma vez
Me
mandaram ao congresso
Eu fui
lá correndo
Mas não
tive sucesso
Não me
deixaram entrar
Nem
comprei ingresso.
- O
jeito pra senhora
Seria
se candidatar
E lá,
na política
Uma
arrumação tentar
Agindo
sem demora
Para se
aposentar.
-
Entrar na política
Onde só
tem ateu
Nunca
vão me ajudar
Porque
é tudo judeu
Nunca
serei feliz
Lá só
tem filho meu.
A vovó
não conseguiu
Ficar
aposentada
Nem foi
ao congresso
Fazer
suas trapalhadas
Mudando
constituição
Resolveria
a parada.
Foi com
felicidade
Agora
que acabei
Aqui o
nosso cordel
Entrevista
relatei
Eu peço
mil desculpas
Se
alguém desacatei.
Caso
você conheça
Alguém
na situação
Mande
me localizar
Escrever
a petição
Quem sabe
nós possamos
Mudar
constituição.
terça-feira, 5 de março de 2013
O soldado Jogador - Leandro Gomes de Barros
Era um soldado francês
Que se chamava Ricarte
Jogador de profissão
E nunca foi numa parte
Que não trouxesse no bolso
O resultado da arte.
Os franceses nesse tempo
Tinham por obrigação
O militar ou civil
Seguir religião
O Papa deitava a lei
Botava em circulação.
Ricarte, soldado velho
Com trinta anos de tarimba
Aonde ele achava jogo
De lasquinê ou marimba
Dizia logo: ─ Eu vou ver
Água na minha cacimba!
Um dia faltou-lhe o soldo
Pôs-se Ricarte a pensar
Onde podia haver jogo
Que ele pudesse jogar
Era Domingo e a missa
Não havia de tardar.
Se você quiser saber como termina esta obra de Leandro então acesse:
http://www.scribd.com/fullscreen/7024455?access_key=key-101fb67s4x8wjbxvuia5
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