terça-feira, 19 de maio de 2015

História de José do Egito - João Martins de Athayde - Parte III



- Simião ficou lá preso
Agora é que está ruim
Porque quando nós saímos
O rei nos disse assim:
Quando vier comprar trigo
Me traga o tal Benjamim

Dizia o velho chorando:
Chegou o meu triste fim
Porque é esse um dos filhos
Que não se aparta de mim
Como viverei no mundo
Ficando sem Benjamim?!

Judá insistiu com ele
Contando o que foi passado
- Eu tomo conta de tudo
Meu pai, não tenha cuidado;
Dizia o velho: ele indo
Para mim foi sepultado!

- Se eu digo estas palavras
É porque tenho razão
José os bichos comeram
Nas brenhas da solidão
Agora sem haver crime
Ficou preso Simião!

Judá pelejou com ele
Até o velho aceitar
Se Benjamim lá não fosse
Nada podia arranjar
Só no Egito é que tinha
O que eles iam comprar.

Eles seguiram viagem
O velho ficou sentido
Judá chegou no Egito
Foi muito em recebido
Porque levou Benjamim
Que José tinha pedido.

José vendo Benjamim
Conheceu logo também
Perguntou com cara feia
(porém os tratando bem):
É este o irmão mais novo
Que vocês dizem que têm?

Judá lhe disse que sim
Partido de comoção
Dizendo: - Rei, meu senhor
Nos conceda a permissão
Para que possamos ir
Aonde está Simião?

Disse José: podem ir
Visitar o seu irmão
Ele até aqui não teve
Nenhuma perturbação;
José só tinha ele preso
Fazendo a comparação.

José diante essas coisas
Não podia se conter
Chorava em seu aposento
Que só faltava morrer
Pois inda não era tempo
De se dar a conhecer.

Todos irmãos de José
De nada tinha sabido
Vendo José como rei
Dum país desconhecido
Sendo ele o tal irmão
Que eles tinham vendido

Depois José chamou eles
Dando plena liberdade
Dizendo: vão passear
Pelas ruas da cidade;
Só assim José podia
Fazer a sua vontade.

Eles com essas palavras
Ficaram muito contentes
Aí José mandou logo
Chamar o seu intendente
Dizendo: encha bem cheio
O saco daquela gente

- Depois dos sacos bem cheios
Faça jeito de botar
A minha taça de prata
Sem ninguém desconfiar
No saco de Benjamim
Pra quando ele for, levar

O intendente fez tudo
Como José lhe mandou
No saco de Benjamim
Ele a taça colocou
Benjamim que não sabia
No outro dia levou

Assim que eles saíram
José mandou uns soldados
Dizendo: peguem uns rapazes
Que vão ali carregados
E tragam a minha presença
Para serem interrogados

Eles iam muito alegres
Só por levar Simião
Dizia Judá: fizemos
Muito boa arrumação;
Nisto gritaram pra eles
Lhes dando voz de prisão

Logo aí foram levados
À presença de José;
- Quem roubou a minha taça
Terá prisão de galé
Faz vergonha nos senhores
Não ter um homem de fé

Disseram: rei, meu senhor
Nós nunca roubamos nada
Essa taça de que falam
Nunca pode ser achada
Mande correr nossos sacos
Só ela sendo encantada.

- Não pensei que em Palestina
Tivesse gente ruim
Passem u'a corra nos sacos;
José então disse assim
A taça foi encontrada
No saco de Benjamim

Aí caíram por terra
Botando os joelhos no chão
Dizendo: rei, meu senhor
De nós nenhum é ladrão
Porém seremos levados
À morte na prisão.

José partido de pena
Não podendo resistir
Disse ao seu intendente:
Mande este povo sair
Basta ficar estes homens
A quem preciso eu ouvir

Quando saiu todo povo
Inda mais se comoveram
José lhes disse chorando:
- Inda nao me conheceram?
Eu sou vosso irmão José
O tal que vocês venderam

Que hora amarga e feliz
Para quem compreender!
Toda tristeza que havia
Foi transformar-se em prazer
Ficaram todos felizes
Dessa data até morrer

José mandou vir também
O seu pai idolatrado
Quem trouxe foi seu irmão
Com muito zelo e cuidado
Jacob findou os seus dias
Vivendo sempre ao seu lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário