terça-feira, 12 de maio de 2015

História de José do Egito - João Martins de Athayde - Parte III



Apesar dessa promessa
Ser de tão boa vontade
Porém como a tal prisão
Foi feita com falsidade
José passou mais dois anos
Sem gozar da liberdade.

Faraó teve dois sonhos
Que o impressionaram
Vendo sete vacas gordas
Que dele se aproximaram
Vinham outras sete magras
Que as gordas devoraram.

Quando foi no outro dia
Faraó mandou chamar
Todos os sábios que haviam
Residentes no lugar
Cada um disse uma asneira
Não puderam decifrar.

O copeiro então lembrou-se
Do que tinha se passado
De um sonho que tinha tido
E José tinha decifrado
Mandaram soltar José
E trouxeram para o reinado.

José chegando na corte
Foi muito em recebido
Para decifrar o sonho
Que o Faraó tinha tido
José explicou tudo
Sem ter de nada sabido.

- Senhor; lhe disse José
Os sonhos são verdadeiros
Essas vacas gordas
São sete anos primeiros
Serão de tanta fartura
De abarrotar os celeiros.

- E as sete vacas magras
Por minha vez também cismo
São sete anos de seca
De miséria e cataclismo
A nação que descuidar-se
Cairá sobre o abismo.

- Eu acho conveniente
Que a vossa majestade
Procure um bom ministro
Que tenha capacidade
Para comprar todo trigo
Que aparecer na cidade.

- Se acaso rei meu senhor
Este conselho não tome
Chegando o tempo da crise
O Egito muda de nome
Se acabam os pobres na rua
Todos morrendo de fome.

Faraó vendo a conversa
Anti-tradicional
Vendo que o cataclismo
Se torna universal
Disse a José: És ministro
Pela ordem imperial.

O rei lhe dizendo isso
Entregou-lhe um anelão
Dizendo: Pega esta jóia
Que te dou por distinção
Dora em diante serás chefe
De toda esta nação.

Tinha José nesse tempo
Trinta e um anos de idade
Tomou conta da missão
Tinha plena liberdade
De fazer naquele reino
O que tivesse vontade.

Chegou o tempo abundante
José pegou a comprar
Trigo, feijão e farinha
Vindos de todo lugar
Depois dos celeiros cheios
Não teve onde botar.

Mandou fazer um depósito
De muito grande extensão
Num dos pontos da cidade
Prevendo a ocasião
Pra socorro da pobreza
Sendo da sua nação.

Um tempo assim como aquele
Nunca se viu outro igual
As nações tinham fartura
De um modo descomunal
Findou o tempo abundante
Entrou a crise fatal.

Já depois de quatro anos
Que o cataclismo assolava
O povo das caravanas
Que no Egito passava
Via que nesse lugar
Em fome nem se falava.

Vagou aquela notícia
Que no Egito inda tinha
Recurso para a pobreza
Trigo, feijão e farinha
Todo dia vinha gente
Da região mais vizinha.

A fome assolava o mundo
O grande também sofria
Substância de alimento
Em parte alguma se via
O rico morrendo à fome
E o dinheiro não vali.

Jacob, o pai de José
Vendo o tempo muito ruim
Mandou os filhos ao Egito
Naquelas estradas sem fim
Mandou os outros mais velhos
E ficou com Benjamim

Chegando eles no Egito
Depressa foram levados
À presença de José
Para serem interrogados
José conheceu bem eles
Logo que foram chegados

José fingiu-se inimigos
Vendo aqueles condições
Que os irmãos se achavam
Sabendo que eram bons
Lhes disse: de onde vêm
Que me parecem uns ladrões?

Responderam com espanto:
É horrível a nossa sina
Somos filhos de Jacob
Natural da Palestina
Viemos comprar legumes
Que a fome lá é canina.

José ficou comovido
Porque tinha compaixão
Apesar de ter sofrido
Deles aquela traição
Então perguntou a eles:
Sua irmandade quais são?

- Nós éramos 12 irmãos
O caçula não quis vir
Porque meu pai já é velho
Só ele o pode servir
Quanto ao nosso irmão José
Esse deixou de existir.

Disse José para eles:
Eu só posso acreditar
Desse seu irmão mais novo
Se vocês forem buscar
Ficando um de vós preso
Até o outro chegar.

Disseram: rei meu senhor
Nós não fazemos questão
Nos venda um pouco de trigo
Temos muita precisão
Quanto ao que fica preso
Deixo ficar Simião

José mostrou-se contente
Deu a resposta que sim
Mas disse a eles depois:
O tempo inda está ruim
Quando vier comprar trigo
Me traga o tal Benjamim

Aí voltaram os outros
Porém sem consolação
Chegaram na Palestina
O patriarca ancião
Foi perguntando aos filhos:
Onde ficou Simião?

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