terça-feira, 24 de junho de 2014

O Martírio de Liliana - Parte IV



Arte da Capa de Alexa Dias
Vamos deixar Afonso só
Com seus irmãos desconfiado
Tentando modificar
O que já estava criado
Ludibriá-los a todo custo
Era o seu plano traçado.

Vamos ver como Liliana
Fez para sobreviver
O que foi que aconteceu
Sem ter muito pra comer
E como a sorte proveio
Para ela não falecer.

Liliana por várias vezes
Tentou de casa sair
Sua comida era só pão e água
Nem a TV para assistir
Começando a emagrecer
E sua beleza a sumir.

Quando Liliana comia
Os vinte e quatro reais
Somente lhe restavam a água
Migalhas, unhas e nada mais
Seus cabelos foram caindo
Seus braços finos demais.

Liliana já não sabia
O que poderia fazer
Trancada dentro de casa
Sem nada para comer
Começou a pedir pra Deus
A coragem pra morrer.

Todo dia ela se acordava
Já por dentro com agonia
Sem poder se levantar
Vivendo sob tirania
Nada ali modificava
Pra mudar a melancolia.

Resolveu ficar no chão
Estirada na cozinha
Onde pegava seu pão
E um pouco de farinha
Que o marido utilizava
Para alimentar galinha.

Desolada no local
Resolveu não sair mais
Porque se ficasse em pé
De fraca caia para traz
E tudo que ela comia
Era vinte quatro reais.

Sofrendo intensamente
Sem forças para falar
Com o sentimento na fome
Contrita pôs-se a pensar:
"Deus, será que foi tão grave
Que ele não possa perdoar?"

Quando começava o mês
Recomeçava com o pão
Sem forças pra levantar
Com marcas de inanição
Comendo até as migalhas
Nunca recebeu o perdão.

Aqueles dias se passavam
Sem nunca nada mudar
Ela dentro de sua casa
Ele, sempre a trabalhar
Ela triste lá no chão
Ele, alegre a gargalhar.

Até que um dia ela ouviu
Alguém bater na sua porta
Quase sem força no chão
Caída, fraca e toda torta
Tentou sussurrar: - Socorro.
Sem forças já quase morta.

Da porta ouviu um barulho
De alguém querendo entrar
Eram os irmãos de Afonso
Querendo investigar
Por que ninguém nunca a via
Onde ela poderia estar.

Quando entraram disseram:
- Vejam! Que horror! Que loucura
Liliana desfigurada
A casa não tem ternura
Vamos tirá-la d'aqui
Antes que vá a sepultura.

Quando Afonso entrou em casa
Foi vendo o que se passava
O que seus irmãos faziam
Em nada argumentava
Saiu de casa para um bar
E tudo que via, tomava.

Liliana foi resgatada
Desnutrida e com ferida
Por todos os irmãos de Afonso
Que depois deram guarida
Garantindo proteção
Para retomar sua vida.

Afonso virou alcoólatra
D'aquele inveterado
Saindo do seu emprego
Tornou-se grande viciado
Continuou bebendo tudo
Nunca mais ficou casado.

O cordel termina aqui
Eu gostei foi muito desta
Agradeço a Deus porque
A inspiração me empresta
Ainda agradeço também
Àquele que me contou esta.

Traição sempre existirá
Na história da humanidade
Alguns concedem o perdão
Outros, fazem atrocidade.
Quem tem Deus no coração
Vive com fraternidade.

Todo ser humano da Terra
Poderá algum dia errar.
Fácil é cometer um pecado
Difícil, é a razão calar.
Divino é entender tudo

Forte, é quem sabe perdoar.

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