terça-feira, 17 de junho de 2014

O Martírio de Liliana - Parte III



Arte da capa de Alexa Dias
E assim recomeçou a vida
Na casa deste casal
Ela vegetando em casa
Vivendo como um animal
Ele indo para o trabalho
Agindo como normal.

Afonso fechava a porta
Como se guardasse sua alma
Saindo sem alvoroço
Fazendo tudo com calma
Trancava forte um cadeado
Pra espantar toda vivalma.

O dia-a-dia em seu trabalho
Ia passando normalmente
Sorrindo pra todo lado
Alegre e muito contente
Ninguém d'ali desconfiava
Nem hipoteticamente.

Quando chegava a sua casa
Para Liliana nem olhava
Não lhe dava uma palavra
Com ela não se importava
À noite ele dormia bem
Pela manhã retomava.

No trabalho todos os dias
Seu perfil era sempre o mesmo
Chegava todo contente
Deixava sua mulher a esmo
Quando Afonso ia pra sua casa
Sentia ódio como um tenesmo.

Quando os amigos perguntavam
- Liliana está feliz?
Ele respondia de pronto:
- De viagem para Paris.
Pensando no coração:
Bexiguenta e meretriz.

Os meses foram passando
Sua mulher foi emagrecendo
O perdão nunca chegava
Ele mais se embrutecendo
Seus irmãos lhe procuraram
Pra longe deles ia correndo.

Seus irmãos foram ficando
Preocupados pelo Afonso
Sempre que perguntavam
Ele se fazia de sonso.
Pediram luz a santo Antônio
Rezando com seu Responso.

Certa feita ele pensou:
"Deus, que horrível situação
Casei-me com uma serpente
Que se entregou a perdição
Perdi minha paz de espírito
Tal qual Eva ludibriou Adão".

Os dias foram se passando
Ele não mudava a mente
Sempre lembrava de Adão
E a via como uma serpente
O tempo não abrandava
Ela sofreria pra sempre.

Os irmãos de Afonso ficaram
Cada vez mais preocupados
Com a estória de Paris
Já estavam desconfiados
Porque ela teria ido só
Sem nunca mais ter voltado?!

Um dia Afonso desconfiou
Da movimentação deles
Ficou muito preocupado
Sem deixar de pensar neles
Saiu cedo de seu trabalho

Para ver se enganava eles.

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