Adaptado por Fabiano Timbó
A raposa bem matreira
Foi a cegonha encontrar
Tal como quem não quer nada
Ela começou a conversar:
- Cegonha, minha querida
Amanhã vamos jantar.
A cegonha estranhou
O pedido inusitado
Porém ela aceitou o convite
Sem ter nada desconfiado
Quando a noite foi raiando
Chegou no local marcado.
Ao chegar foi recebida
Com um cheiro muito bom
Ela notou na raposa
Alegria sem ver tom.
Ficou muito preocupada
Que o bico ficou marrom.
A raposa fez uma sopa
Servindo em prato raso.
A cegonha percebeu
Que ali havia algum descaso
Saiu d'ali arada de fome
Sem querer discutir o caso.
A cegonha resolveu
Dar a colega uma lição,
Convidou aquela raposa
Para nova refeição
Falando-lhe calmamente
A seguinte petição:
- Ó, generosa raposa,
Que possui grande nobreza,
Também faço uma questão
De retribuir a gentileza.
Venha amanhã a minha casa
Que será bom com certeza.
E assim ela também não teve
Como daquilo escapar,
Aceitou o convite dado
Sem de nada desconfiar,
Confiando na sua amiga
Foi a casa dela jantar.
Ao chegar sentiu também
Um cheiro maravilhoso
Era uma vistosa sopa
Com um aspecto saboroso
Servida em longo jarro
De tamanho majestoso.
A cegonha lhe falou:
- Cara, o que está acontecendo?
Você não consegue ver
O que estou lhe oferecendo?
E a amiga lhe respondeu:
- Agora não estou querendo.
E saiu triste para casa
Pensando numa lição
Avaliando o ocorrido
E naquela humilhação.
Não pratique mal com os outros
Que o troco não lhe darão.
A fábula de Fontaine
Foi agora também contada
Para a nossa diversão
Em cordel metrificada.
Faça o bem para com os outros
E tenha a paga dobrada.
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