domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Unha de "Um" Corredor Inexperiente




Leitores do meu cordel
Agora vou lhes contar
Um dia de sofrimento
Que eu tive de enfrentar
Por causa de uma unha
Que o dono não quis cortar.


Eu tenho um amigo
Conhecido por Aldemar
Que atua como bom médico
Porém seu forte é operar.
Na vida o que mais gosta é
Correr, caminhar, nadar.

Eu sempre que preciso
De alguma orientação
Não só quando pesquiso
Mas também na redação
Recorro ao meu amigo
Para tomar uma decisão.

Eu resolvi perdir a ele
Que me ensinasse correr
E ele sem fazer cena
Se pôs num papel a escrever
Uma grande estratégia
Para eu não desfalecer.

A sua recomendação
Era pra fortalecer
Tudo ali havia escrito
Coisas fáceis de fazer
Um relógio pra ver tempo
Uma dieta pra comer.

Uma coisa enfatizava
Sempre me repetia:
- Corte sempre a sua unha,
Para correr com alegria
Deixando ela curtinha
Você não arrependeria. 


Eu sempre bom aluno
Começei ansioso a correr
Ouvindo seus conselhos
E a distância a vencer.
Aldemar sempre dizendo:
- Não deixe a sua unha crescer.

E assim fui correndo
Alegre e muito contente
Aumentando a distância
Sempre feliz e sorridente
No começo brincadeira
Depois fiquei exigente.

Eu já bem preparado
Longa distância escolhi
Comprei sapato novo
À dor fina percebi
Quanto mais sentia dor
Mais distância eu corri.


Ao terminar os kilômetros
Fui a casa me descansar
Uma dor no pé horrível
Intensa e a me incomodar
Tão forte era no dedão
Que começei a chorar.

Procurei meu amigo
Muito preocupado
Aquela dor horrorosa 
Eu muito desconfortado
Aldemar quando viu disse:
- Cara, tu tá lascado.

Você pare de correr
Um remédio vou passar
Mesmo assim peça a Deus
Para nisso só ficar
Se isso não der resultado
A tua unha vão te arrancar.

Eu passei foi 30 dias
Vendo tal situação 
A unha só piorava
Chamava minha atenção
Dela saia um mal cheiro
Eu nem mais pisar no chão.

Procurei meu amigo
Para com ele aconselhar
Ele quando viu a unha
Começou a me ironizar
E ainda foi me dizendo:
- Sem unha tu vais ficar.

Eu pedi ao zombeteiro
Que me fizesse favor
Fosse pra lá comigo
Amparar a minha dor
Eu também como médico
Da unha sentia pavor.

Então fomos procurar
Um colega mais famoso
Para avaliar minha unha
E o pé mal cheiroso
A catinga era intensa
E o pé estava horroroso.

O médico era dos bons
Sabido e estudioso
Porém não tinha trato
E em nada era amistoso
Resolvia o que aparecia,
Fácil ou dificultoso.

Entrei no consultório
Fui logo me sentando
Mostrando o meu pé podre
E a situação contando
Quando o famoso me viu
Bem calmo foi falando:

- Rapaz, seu pé cheira mal
Que presepada foi essa?
O que foi que aconteceu?
Não vamos ter aqui pressa
A unha tu já perdeste
Não adianta conversa.

Rápido se levantou
Me deixou com Aldemar
Depois de alguns minutos
Resolveu pra lá voltar
Abriu a porta e foi dizendo:
- Tu passa logo pra lá.

Eu fiquei meio sem jeito
Sem entender vil solução
Levantei-me assustado
Sem haver precipitação.
E ele impaciente disse:
- Bora, quer ficar bom não?

Sem jeito me levantei
Triste e muito calado
Fiquei andando mudo
Para sala ali do lado
Fui sentando na maca
E ele rindo um bocado.

Foi logo pegando agulha
Preparou medicação
Olhou para mim e riu
Dizendo: - Prepara peão!
Quando eu ia correndo d'ali
Senti entrando o agulhão.

Fiquei ali bem parado
Um grito de mim saiu
O doutor olhou para mim
Com deboche ainda sorriu
E disse bem de mansinho:
- Que foi que tu sentiu?

Aquele miserável
Sarcástico desumano
Nem esperou o tempo certo
Minha unha foi futucando
Eu sentindo muita dor
E ele me ironizando:

- Afinal, você é médico
Eu de outra profissão?
Com uma besteirinha
Você faz uma confusão
Vamos logo terminar
Com esta sua embromação.

E quanto mais ele falava
Mais na unha ele mexia
Eu gritando pela dor
Porque a unha muito ardia
Vi meu amigo Aldemar
Do meu lado com agonia.

E quanto mais ele mexia
Mais eu me agoniava
Aldemar pedindo calma
Em nada me ajudava
A vista me escureceu
E o médico não parava.

Era tamanha a agonia
Que senti constragimento
Ele a me futucar a unha
Eu tendo um passamento
Aldemar do meu lado
Achando um tormento.

Bem que todos diziam
Não tem jogo de cintura
Ele age como médico
Mas em nada tinha doçura
Futucando minha unha
Eu sentindo amargura.

Quando pensei que não
Ele resolveu dizer:
- Pronto, acabei mais uma
Um sucesso vai fazer
Sem unha você não demora
A seus exercícios fazer.

Quando terminou tudo
Eu não quis me levantar
O médico ali ficou
Com seus olhos a me criticar
Eu só me arrependi
Da minha unha não cortar.

Quando você for correr
Sua unha deve aparar
Por causa do sapato
Que nela fica a roçar
Com algum tempo de corrida
Seu dedo vai machucar.



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