A fábula aqui contada
É comum entre os animais
Recitada com maestria
Em seus aspectos gerais
Revelada ao coração
Vinda da imaginação
Para quem deseja a paz.
A cobra olhava o horizonte
Parada no precipício
Refletindo na sua vida
Daquele átimo até o início
A ponto de se jogar
Caindo para se matar
Acabando seu suplício.
Deus, que fala para todos,
Profundo, mas com clareza
Aos peixes pelo maré
Ao homem pela pobreza
Pela oração a quem tem fé
Aos povos como Javé
A ela por mãe natureza.
Apareceu Deus por ali
Com a forma que lhe cabia
Com a firmeza de quem é mãe
E o prazer de quem sorria
Esperando que falasse
O que a ela incomodasse
Pra dizer-lhe o que faria.
“Veja só, mãe natureza,
Por que me fizeste ruim
Rastejando em vez de andar
Não pulo como saguim
Com veneno pela boca
Voz fraca e jeito de louca
Que todos querem meu fim?”
Deus em forma de natureza
Resolveu lhe revelar:
“Cada animal estando vivo
Tem sua forma e seu lugar
A função de cada ser
Não pode se desfazer
Nem você pode mudar.
“Ninguém nasce sendo ruim
Não se julga por aparência
O interior é que demonstra
O pensamento e a essência.
A atitude, a ignorância
O tratar sem importância
É a maldade da consciência.
“Jeito de louca não tens
Só um modo particular
De conviver na floresta
Para caçar e alimentar
O jeito não mostra a ação
Nem tão pouco o coração
Mas pode sim incomodar.
“Todo mundo quer seu fim
Por não entender sua função
E tudo que não se sabe
Lhes causa consternação
A morte existe pra vida
Como um ponto de partida
Para outra constelação.”
A cobra não satisfeita
Disse que nada entendia
A natureza lhe enviou
Para quem tudo sabia
Embora era carrancuda
No corpo de tartaruga
A quem tudo compreendia.
A cobra rasteja a longe
Em direção a uma lagoa
Encontrando lá sentada
Com um jeito de gente boa
Em prece e meditação
Com um mantra em repetição
Como quem tem a mente em loa.
Assim que chegou por lá
Foi no chão se acomodando
A tristeza veio na fala
O corpo foi se enrolando
Com um ar de serenidade
Franqueza e sagacidade
Foi logo lhe perguntando:
“A mando da natureza
Vim para pedir guarida
Para entender sobre mim
O que me deixa destruída
Por favor responda agora
De uma forma bem sonora.
Que sentido tem está vida?”
A tartaruga pensou
Naquela pobre aprendiz
Que só pensava em tristeza
Falando como um juiz:
“Você deve de primeira
Deixar a sua vida rasteira
Viver em grupo e ser feliz.
“Quando for ter uma conversa
Use a palavra pensada
Evitando sempre a ofensa
Fazer cara de assustada
Se pedirem algum conselho
Imagine-se no espelho
Nunca dê resposta irada.
“Quando houver necessidade
Vá lá junto socorrer
Seja a fome, o desespero
Ou na falta do comer
Quando você for agredida
Compreenda como amiga
Tente não fazer sofrer.
“Promova ações positivas
Trabalhe fazendo a paz
Afaste-se do que é triste
Na vida seja capaz
Faça do bem a sua razão
Desaconselhe a desunião
Com a fé seja sagaz.
“A fé que não tem sentido
É viver sem compaixão
Conviver na sociedade
Tendo em si a solidão
Sempre virando a cabeça
A todo ser que pareça
Não ter ética por razão.
“Quando se sentir perdida
Busque em tudo a harmonia
Muita paz e prosperidade
Procure a sabedoria
Abandone a violência
Presenteie com paciência
Para os demais seja guia.”
A cobra, com jeito parva,
Fez cara de não saber
Como seria d’ali a frente
E o que deveria fazer
Falou com jeito esquisito:
“E como faço tudo isso?”
Com o olhar de quem vai sofrer.
A situação era normal
A quem pensa e já ensinou
A cobra ali perguntava
O que lhe atrapalhou,
A dúvida da pergunta
O mestre ilumina e junta,
A tartaruga falou:
“Viva a vida que já têm
Dos problemas saia sorrindo
Seu veneno seja o amor
Não fiquei se destruindo
Na hora da discussão
Seja pai, amigo ou irmão
Deixe a alegria ir lhe fruindo.
“Pratique a sua vida toda
Para o mal se resolver
Faça da vida a oração
E o caminho a percorrer
Busque a paz no sentimento
Tenha Deus no pensamento
O resto, será viver.”
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