A estória vem do Marrocos
Trazendo sabedoria
Falando sobre mulher
Ciúme, ódio, feitiçaria
Amor de pai, sofrimento
E a morte por tirania.
Hamid estava num bar
Esperando um grande amigo
Que, para fazer negócios,
Passou um tempo sumido
No retorno trouxe uns cães
Cabisbaixos sem latido.
Este misterioso amigo,
Deve o leitor conhecer,
Era o dono dos cães negros
Que sentou para dizer
A estória da sua família
O que lhe foi acontecer.
Depois de ouvir com atenção
À estória de sofrimento
Hamid resolveu contar
Todo seu padecimento
Iniciando pela busca
De mulher pra casamento.
Era rico de nascença
Do comércio faturava
Mas mulher não conseguia
Em toda casa que andava
Pagaria qualquer dote
Desde que fosse educada.
Depois de andar pelo país
Procurando por uma esposa
Ele achou uma jovem que
Tinha um olhar de mariposa
Sorriso dissimulado
Astúcia de uma raposa.
Resolveu lhe apresentar
A quem fosse sua amizade
Achando a mulher perfeita
Que vivia da honestidade
Os amigos no contraponto
Viam esperteza e falsidade.
Como não adianta falar
A quem esteja apaixonado
E conversa da amizade
Não entra em coração fechado,
Com menos de trinta dias
Já se fazia um homem casado.
Depois de um tempo casado
Vivendo a felicidade
Começou a esperar por filhos
Por falta de novidade
Apesar das tentativas
E por horas de atividade.
Os filhos não apareceram
Para alegrar o coração
Hamid sugeriu a cônjuge
Uma nova solução
Casar - se com outra mulher
Defendia a constituição.
Resolveu iniciar uma busca
Em baixa classe social
Por pessoa que fosse humilde
De alegria descomunal
Que aceitasse a situação
Sem pensar no bacanal.
E depois de certo tempo
Achou mulher que aceitasse
O fato de ser casado
E com isso não incomodasse
Não era para falar bem
Apenas que engravidasse.
A mulher ouviu tal proposta
Aceitou sem ter noivado
O casório foi com festa
Na primeira foi gerado
Esperou por nove meses
Nasceu o menino esperado.
A primeira mulher dele
Fez as vontades do marido
Por fora se via alegria
Pelo que foi acontecido
Por dentro era só rancor
Com seu coração partido.
O menino foi crescendo
Criado com muita alegria
Tudo que Hamid fizesse
O filho também queria
Onde quer que este pai fosse
O pai tinha companhia.
Até que chegou um momento
De Hamid fazer uma viagem
Teria um ano de duração
Sem o menino na bagagem
Para fazer seu comércio
E manter paga a criadagem.
No momento da partida
O menino só chorava
Agarrado com sua mãe
Que no desespero estava
A força que Hamid tinha
Era crer que retornava.
Neste trabalho de Hamid
Não deixe seu pensamento
Veja como se deu a trama
Que acabou com sofrimento
Da mulher e do pequenino
Com feitiço e encantamento.
A esposa, que era a primeira,
Resolveu estudar magia
O prazer da enganação
Ser aprendiz da tirania
Versada em desfaçatez
Engrossada com ironia.
Depois de passados meses
De treino e sagacidade
Teve uma idéia diferente
De grande perversidade
Transformar o menino e a mãe
Em bovinos de verdade.
O bezerro e a vaquinha
Foram deixados por ali
No meio da bicharada
Só comendo sapoti
Atrelados nas carroças
Para o roçado concluir.
Os criados deram por falta
Do menino que era amado
E daquela moça humilde
Que com Hamid havia casado
Se perguntada, dizia:
- Não sei, devem ter viajado.
Depois de passada a viagem
O marido retornou
À esposa toda animada
Uma festa começou
Escondendo na verdade
O fato que planejou.
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