terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Anestésico local





O anestésico local
é um medicamento
não requer propaganda
serve de instrumento
nada de convencional
de fato monumental
porque acaba o sofrimento.

O anestésico local
por nós mais utilizado
é a antiga lidocaina
descoberta no passado
em baixa dose é segura
não tem parada dura
não fique preocupado.

A outra também usada
pode ser um grande horror
ela é a bupivacaina
usada com algum pavor
tem boa qualificação
pode parar coração
por isso causa temor.

A sua parente próxima
fez sucesso e surgiu
ela é a ropivacaina
do coração sumiu
quando menos se esperou
surpreendeu e se alterou
quase alguém sucumbiu.

Existem umas doses
que dizem ser seguras
quando utilizadas
com muita linha dura
sete para lidocaina
três para bupivacaina
não tente fazer mistura.

O que é mais importante
é agir com segurança
respeitando as doses
mantendo a temperança
quando mesmo se espera
você virará um fera
na sua praticância.

Eles são divididos
em grupos principais
são amidas e são ésteres
estruturas desiguais
para o fígado um vai
o outro do plasma sai
na prática são iguais.

Grande receio e temor
esta reação de alergia
em alguns é imediata
em muitos outros é tardia
os ésteres malvados
foram todos desusados
acabou-se esta folia.

Esta lidocaina
é de curta duração
usamos adrenalina
para aumentar sua ação
com isto ganhamos tempo
anestésico mais lento
nunca usar no dedão.

Nem tudo são só flores
existe complicação
convulsão, bradicardia
parada no coração
mas se você respeitar
à dose sem descuidar
nunca haverá confusão.

Caso você tenha interesse em grande aprofundamento no uso dos anestésicos locais e queira exemplos acesse http://bit.ly/anestesico

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sentença de Salomão




Salomão foi o maior rei
E o mais sábio que existiu
Exímio legislador
Nos casos que decidiu
Vou relatar um caso
Que em pesquisa me surgiu.

Duas mulheres foram
Ao tribunal procurar
Uma justa sentença
Pra delas solucionar
Um pequeno problema
Que não era peculiar. 

Elas trouxeram menino
Que quatro anos já tinha
Dizendo algo ao seu juiz
Longe ser brincadeirinha
Mães da mesma criança
Era para um adivinha.

Salomão ali como juiz
Incomodado a pensar.
Nunca isso havia ouvido,
Como poderia se dar!
Uma mesma criança
Com duas mães a se estranhar.

Depois de alguns momentos
Começou pronunciar:
- Vocês não poderiam
Mesmo menino gerar,
Não existe neste mundo
Como isso possa se dar.

O que nós vamos fazer
É pedir para o ferreiro
Esticar este menino
Passar um ferro no meio
Cada qual com um pedaço
Ou uma com filho inteiro.

As duas mães começaram
Em prantos se redobrar
Uma pedindo clemência
Outra, se dascabelar.
Pegaram forte o menino
Começando a esticar.

Uma mãe desesperada
Tomou a palavra e falou:
- Meu rei não precisa isso
O menino a ela eu dou
Prefiro que fique vivo.
Chorando, se retirou.

A outra mãe ficou feliz
Porém nada pronunciou.
Salomão vendo a cena
Sem demora revelou.
Leitores vejam o rumo 
E o final como passou.

- Mande chamar à mãe
Que d'aqui se ausentou
Não se demorem muito
Que furioso eu estou
Com nefasta e vil mulher
Que esta estória criou.

Passados alguns instantes
A mulher foi encontrada
Trazida sem seu querer
Estava toda molhada
De chorar tantas lágrimas
Do seu filho separada.

Quando ela entrou no recinto
Começou a proferição:
- Mulher, não fique triste
Com esta situação
Que a ti foi apresentada
Para tua humilhação.

Pegue aqui este menino
E leve que o filho é teu.
Com a sua sábia decisão
O menino não morreu
Nunca vi no meu reino
Tão grande amor quanto o teu.

Ela agarrou-se com o filho
E resolveu ainda dizer:
- Este menino é tudo
Sem ele não sei viver
Ficasse com outra mãe
Seria melhor que morrer.

A mãe pegou a criança
E sua vida foi viver
Seu amor verdadeiro
Fez a sua criança crescer
Que virou um cidadão
E lindos filhos foi ter.

A outra mulher malvada
Só queria a perturbação
Acabou sem a criança
Enterrada sem o perdão
D'aquele famoso rei
Conhecido Salomão.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Resenha: A briga do major Ramiro com o diabo



O cordel "A briga do major Ramiro com o diabo" foi escrito por Marco Haurélio e publicado pela Editora Luzeiro em 2006. 

Marco é poeta, professor, folclorista e editor nascido na Bahia em 1974. Formado em letras pela UNEB é um dos fundadores da Caravana do Cordel. Alguns dos seus folhetos são: A história de Belisfronte, o filho do pescador e O herói da montanha negra. Publicou livros infantis como O príncipe que via defeito em tudo. Uma característica marcante do autor é seu cuidado com a correta escrita da língua portuguesa que é sua marca registrada em todos seus cordéis.

O cordel narra uma estória mirabolante onde o major Ramiro entra numa luta mística com o demônio transformado em gato preto. É um cordel lúdico, mas utiliza termos intimamente ligados ao ocultismo como "grimório", "alquimia" e "cabala" demonstrando a preocupação do autor em tornar mais real a narrativa. Invocando as forças divinas o major consegue livrar-se da morte. O cordel é um dos sete folhetos que integram a coleção de trabalhos poéticos do autor em Meus romances de cordel que foi publicada pela Global Editora em 2011.

Alguns versos deste cordel: 

"Responde, meu bom amigo,
Por que há tantos ladrões?
Os pobres desabrigados
E os ricos nas mansões.
Por que Deus permite isso,
Se seus desígnios são bons?"

"Disse Ramiro: - Caíste
Em contradições, tinhoso,
Pois o homem tem arbítrio
Dado pelo Poderoso:
Quem vive feliz na terra,
Dorme num leito enganoso."

Bom cordel. Vale a pena conferir. A ausência de temporalidade torna a obra majestosa, pois, é oriunda de uma lenda do sertão que certamente não morrerá com o passar dos anos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Visitei um bêbado na rua



Fonte da foto: http://tomataria.blogspot.com.br/2011/02/bebado-corno.html


Um dia um bêbado chato
De pé foi me perguntando
Se estava tudo de bem
Uma e outra entornando
A Educação passa mal
Polícia sentando pau
E ele se regozijando.

Cachaça é desse jeito
Tudo parece estar bom
Ébrio fora do seu tom
A vida sem preconceito.
Abstêmio que não bebe
Vive pagando tudo
Governo vive mudo
Nós trabalha feito jegue.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

PROEZAS DE MÉDICO - PARTE I




Agora meus leitores
Vou contar uma anedota
A estória de Fernando
Querendo fazer lorota
Para enganar uma médica
Que nunca foi idiota.

Fernando era um jovem
Que às vezes sentia-se mal.
Um aperto no peito
Uma tosse matinal
Sempre perdendo peso 
E fraqueza ocasional.

Ele sempre dava um tempo
Pra fazer observação
Vez ou outra melhorava
Mas ficava nisso não
Até diarréia aparecia
Às vezes constipação.

Havia uma boa médica 
Morando nas redondezas
Trabalhadora e estudiosa
Mestre das incertezas
Todo paciente saía
Relatando uma proeza.

Ele resolveu ir pra lá
Fazer uma consulta.
Sentando-se na espera
Viu somente gente culta
Estava ansioso demais
Pra ver aquela batuta.

Finalmente a hora chegou.
Disse a gentil atendente:
- Senhor Fernando, por aqui.
Levantou vexadamente
Estava muito ansioso
Agitado e contente.

Já dentro do consultório
Sentou-se na cadeira
Observando tudo
Naquela hora derradeira
Quando a médica lhe olhou
Parecia uma peneira.

Depois de alguns minutos
Sem com ele nada falar
A médica foi dizendo:
- Eu vou lhe diagnosticar
Algo que é muito sério
Para tua vida mudar.

Não posso dizer nada
Assim logo de primeira
Preciso de um exame
Para não fazer asneira
Traga-me aqui seu xixi
Porque não sou feiticeira.

Ela parou de falar.
Fernando se levantou,
Saiu sem nem falar nada
A consulta lhe assustou
Pensativo no que ouviu
N'aquilo que impressionou.

Chegando a sua casa
Foi um pote separando
Fazendo ali seu xixi
E nele foi colocando
Falou tudo que se deu
Mas a família cassuando.

Disse-lhe rindo seu irmão:
- Que médica tão ruim
Foi essa que tu foste?
Atender agente assim,
Essa eu queria muito
Era bem longe de mim.

Disse-lhe a sua esposa
Com cara de matreira:
- Vamos lhe pregar peça
Pra ver se é verdadeira,
Todo mundo faz xixi
E põe ali na banheira.

Quando você for voltar
Para ela lhe consultar
Leve o xixi misturado
Para ela examinar.
Veja na hora sua reação
Como ela irá se assombrar.

Assim mesmo fez Fernando,
Conforme tal sugestão.
Misturar muita urina
Para causar confusão
E assim levar o material
Para a interpretação.

Por ali passaram alguns:
Pai, mãe e também seu irmão,
Assim também a esposa
O dele foi o primeirão
A esposa trouxe o vizinho
Com gasolina na mão.

Fernando pegou um pouco
Daquele misturado
Todo amarelinho
Conforme o combinado
Que era para ele saber
Que não seria enganado.

A médica na consulta
No seu canto sentada
Olhou aquele material
Ficou séria e encantada
Fixou aquele olhar clínico,
Parecia embasbacada.

Após muito misturar
Ela se preparou
Apertou seus negros olhos
Quase que ali chorou.
Ela não acreditava
No que diagnosticou.

A médica sem demora
Começou logo a falar:
- Seu velho pai precisa
A sua próstata operar,
Sua mãe muito velha
Com bexiga baixa está.

Seu irmão com infecção
Sentirá dor ao urinar.
Você está aidético
Com quadro avançado está.
Seu vizinho, com sífilis
Precisará se tratar.

Agora sua fiel esposa!
Não precisa confusão.
Ela está em gravidez,
Ele será um meninão.
E ainda é do seu vizinho
Depois de longa traição.

Ele ficou perplexo
Triste, mudo e assustado
Não sabia como fazer
Nem qual seria o ditado
Foi tanta informação
Que ficou desconfiado.

Levantou muito triste
Em muita desolação.
Saiu sem falar com ninguém
Em tamanha distração
Mas achou que pareceu
Clichê e especulação.

Quando Fernando já saia
Já menos penitente
Procurar outro médico
Que fosse competente
A médica apareceu,
No meio de toda gente.

Ela foi se preparando
Parecia pouco apressada
Com tanta coisa que disse
Não podia deixar nada
Com ar de certeza disse:
- Gasolina adulterada!

Fernando ficou parado
Foi quando percebeu
Que ela era competente
Em tudo que sucedeu.
A médica estava certa
Em toda fala que deu.

Ao chegar triste a casa
Começou a confusão,
Enfrentou seu vizinho
Deu rasteira e safanão.
Avisou da doença
De seu pai, sua mãe e irmão.

Pegou sua consorte
Com tudo que ela tinha
Jogou fora tudo dela
Que saiu bem quetinha
Sem fazer escândalo
Com cara de santinha.

Médico sabe o que faz
Dos livros profissional
Não lhe tente ludibriar
Pra você não se dar mal
Pense bem antes de aprontar
De agir como irracional.

Aquele que quiser ver
A médica de Alagoas
Marque alguma consulta
Não vá ficar sem canoa
Lá tem médico ruim
Mas também tem gente boa.